Lançamento do Tiggo 2, semana passada em Itupeva (SP), trouxe uma pequena surpresa. No palco, durante a apresentação à Imprensa, havia uma unidade azul com uma singela folha de papel branco encobrindo pequena área do lado direito da traseira do crossover/SUV sino-brasileiro. Ao se retirar a folha, apareceu um novo logotipo, Caoa Chery (mesma tipologia), que não estava em nenhum dos carros disponibilizados para avaliação aos jornalistas.
Significado vai além do puro simbolismo. Afinal, estavam presentes para dar o aval dois diretores chineses da Chery: o presidente, Anning Chen e o presidente de operações internacionais, Pan Yanlong. O grupo brasileiro havia anunciado, em novembro do ano passado, que se tornou um fabricante de origem local – o único, atualmente – ao comprar por US$ 63 milhões (R$ 200 milhões) 50% da filial nacional da empresa fundada na China há apenas 16 anos.
É possível, se alcançada participação de mercado mais substancial, que os modelos estampem apenas Caoa no futuro. Há caso semelhante na Índia, onde a japonesa Suzuki utiliza também o nome local Maruti.
O País já teve marcas próprias. A primeira foi a Puma, especializada em automóveis esporte. Também abrigou cerca de duas dezenas de pequenos fabricantes de bugues, utilitários e carros esporte. Focaram em produzir veículos com componentes mecânicos, na maior parte, de origem VW. Gurgel foi mais longe ao projetar, além de utilitários, seu próprio motor de dois cilindros e o minicarro BR-800.
Todas acabaram sucumbindo por falta de capital, erros administrativos e impossibilidade de competir com filiais de fabricantes consagrados no exterior. Não se pode esquecer, ainda, que nos primórdios da indústria em 1956 havia uma marca, Romi-Isetta, que combinava também um nome brasileiro e um italiano.
Os planos da Caoa Chery são audaciosos. A empresa promete investir R$ 2 bilhões nos próximos anos e aumentar a participação de mercado de 0,6%, em 2018 para 2%, em 2020. Até o final deste ano, o número de concessionárias saltará de atuais 25 para 55.
Há outros três lançamentos até o final do ano, todos com produção local, mas de baixo índice de localização. Fontes da Coluna indicam que, além do sedã Arrizo 5 (mesmo porte de VW Virtus e Honda City), estreará o Tiggo 4, SUV médio que acaba ser lançado no Chile. Serão produzidos ao lado do QQ e Tiggo 2, em Jacareí (SP), onde os Celler hatch e sedã foram descontinuados. O Tiggo 7, SUV de maior porte, está reservado para a fábrica da CAOA, em Anápolis (GO).
O atual Tiggo 2 evoluiu em termos de dirigibilidade, acabamento e qualidade de montagem. Seus pontos altos: estilo mais refinado e o motor quatro-cilindros de 1,5 litro, 110/115 cv (gasolina/etanol). Distância entre-eixos é de 2,55 m (quase igual à do Polo, de 2,56 m). Ótimo porta-malas de 420 litros.
Apesar de ser o mais alto dos atuais SUVs compactos, suspensões dão conta do recado. Mas, há muito ruído aerodinâmico em estrada, isolamento acústico fraco em velocidades mais altas e posição de guiar excessivamente elevada que deixa a alavanca do câmbio manual distante do motorista. Câmbio automático de quatro marchas estará disponível em junho.
Preços de lançamento, entre R$ 55.900 e 66.490, ficam dentro do esperado.
RODA VIVA
DOIS acidentes letais recentes com Tesla S e X semiautônomos, nos EUA, abriram os olhos dos órgãos de segurança de trânsito. Há preocupação sobre motoristas que não reassumem o controle, mesmo após avisos do sistema AutoPilot (nome infeliz ao sugerir piloto “automático”). Poderá levar resistências à homologação do nível 3 de autonomia, como já ocorre na Alemanha.
VOLKSWAGEN confirmou seu primeiro SUV produzido no Brasil para a fábrica de São José dos Pinhais (PR), de onde também saem os Audi A3 sedã e Q3, Golf e Fox. O T-Cross, segundo fonte da Coluna, terá arquitetura do Virtus e início de produção em 1º de janeiro próximo. A empresa informou, apenas, que estará à venda no primeiro semestre de 2019.
PORSCHE 911 GTS subiu de patamar ao trocar o último motor aspirado (3,8 litros) por um turbo de 3 litros, 450 cv e nada menos de 56,1 kgfm de torque. Respostas ao acelerador são imediatas, praticamente sem atrasos dos antigos motores com turbocompressor. Decisão acertada porque o 911 cresceu muito em dimensões e isso fica demonstrado pelo habitáculo espaçoso.
HONDA decidiu começar a produzir seus automóveis na nova fábrica de Itirapina (SP), a partir do início de 2019. Essa unidade, que consumiu R$ 1 bilhão, está pronta e fechada desde abril de 2015. Receberá paulatinamente toda a produção de Sumaré (SP). Fábrica mais antiga manterá centro de engenharia e fornecerá motores e componentes à unidade mais moderna.
FÁBRICA de motores da Ford em Taubaté (SP) começa a produzir o equilibrado três-cilindros de 1,5 litro do EcoSport e, em breve, também para o Ka Freestyle. Motor vem sendo importado da Índia, mas desde o início previu-se a nacionalização. Demora ocorreu em razão do governo de São Paulo ter atrasado a devolução de créditos fiscais gerados por exportações.
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