A sexta-feira não foi de boas notícias no futebol feminino da França. Pela manhã, a experiente capitã Wendie Renard soltou um comunicado dizendo que estava fora da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia, agendada para julho, e que não defenderia mais a equipe nacional para "preservar a saúde mental." Logo depois, duas companheiras, Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto, se solidarizaram, e também abandonaram a seleção.
O problema seria uma relação conturbada entre o elenco e a atual treinadora, Corinne Diacre. Noël Le Graët havia prometido às jogadoras que haveria mudança na direção do time após a Eurocopa. Mas o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF)renunciou antes de cumprir sua promessa à capitã.
Renard perdeu a faixa de capitã em 2017 após discussão com a treinadora, que chegou a acusá-la de não ter preparo suficiente para carregar a tarja. A defensora é apontada como uma das melhores do mundo na posição e recuperou a faixa somente quatro anos depois, mas jamais sem se entender com Corinne.
"Amo a França mais do que tudo, não sou perfeita, longe disso, mas não posso mais apoiar o sistema atual, que está longe dos requisitos do mais alto nível", escreveu Rennard em comunicado divulgado em suas redes sociais.
Ela foi além. "É um dia triste, mas necessário para preservar minha saúde mental. É com o coração pesado que venho informar minha decisão de deixar a seleção francesa. Infelizmente, não vou jogar nesta Copa do Mundo nessas condições. Meu rosto pode esconder a dor, mas meu coração está sofrendo… e não quero mais sofrer."
A defensora ganhou apoio de duas companheiras, as atacantes titulares Diani e Katoto, que também são destaques da seleção francesa e consideradas imprescindíveis no grupo.
"Após o comunicado de nossa capitã Wendie Renard e tendo em vista os recentes resultados e gestão da seleção francesa, anuncio que estou suspendendo minhas obrigações internacionais para focar na minha carreira no clube. Se finalmente chegarem as profundas mudanças necessárias, voltarei ao serviço com a camisa da seleção", afirmou a atacante Diani, em nota parecida com a da também atacante Katoto
"Os acontecimentos de 2019, a mágoa de 2022 e depois os acontecimentos recentes mostram-me que já não estou alinhado com a gestão da seleção francesa e com os valores transmitidos. Tomo, portanto, a decisão de suspender minha carreira internacional até que as mudanças necessárias sejam aplicadas", postou Katoto.
A Federação Francesa promete resolver o problema em reunião no dia 28. "A FFF tomou nota das declarações de Renard, Diani e Katoto. Nosso Comitê Executivo, que se reunirá em 28 de fevereiro, tratará do assunto na ocasião. A FFF gostaria de lembrar que nenhum indivíduo está acima da instituição Equipe da França", anunciou, sem ser específica se o problema são as atletas ou a treinadora.