Economia

Captação fica difícil para empresas de países emergentes

As empresas de países emergentes vão encontrar um cenário mais difícil para captar recursos nos próximos meses, principalmente por causa da alta de juros nos Estados Unidos e da expectativa de volatilidade alta no mercado financeiro internacional.

As companhias têm US$ 1,3 trilhão em dívidas vencendo até 2020 e parte importante vai precisar de refinanciamento, de acordo com estimativas do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo. Só em 2016, são quase US$ 300 bilhões em bônus vencendo.

Brasil, China, Rússia, México, Índia e Coreia do Sul são os países emergentes onde as companhias mais se endividaram em moeda estrangeira, sobretudo dólar, desde a crise de 2008, apontam estudos do IIF e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que têm alertado para os riscos dos aumentos desses passivos.

Na sua última agenda de políticas econômicas, o FMI avalia que o aumento dos passivos em dólar de empresas no Brasil e outros emergentes cria riscos para a estabilidade financeira desses mercados.

O IIF calcula que a dívida das empresas não financeiras dos países emergentes passou de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2008 para 80% atualmente, por conta do acesso fácil ao mercado externo, com juros próximos de zero nos países desenvolvidos e com investidores à procura de papéis com retorno mais alto.

“Rolar esses montantes será muito mais desafiador em um ambiente com mercados mais voláteis e menos líquidos”, afirmam os economistas do IIF em um relatório.

A alta de juros nos Estados Unidos, mesmo que seja um fenômeno gradual, deve encarecer os custos de captação das empresas no mercado internacional, alertam economistas do FMI. Além disso, a desaceleração da China, que pode reduzir o ritmo de crescimento da economia mundial, afeta diretamente as operações de algumas grandes companhias de países emergentes, exportadoras para o país asiático, que passam a contar com menos receita em moeda estrangeira.

O jornal The New York Times citou em reportagem recente os problemas que vêm sendo enfrentados pela Vale, que tem sido obrigada a se desfazer de ativos para lidar com a queda dos preços do minério de ferro.

Proteção

Já o IIF chama a atenção para que parte da dívida das companhias de emergentes pode não estar “adequadamente protegida” dos riscos crescentes das oscilações das moedas, o que aumenta os riscos de falências de empresas por causa da valorização do dólar frente às principais moedas do mundo, das quais o real brasileiro vem sendo uma das que mais perdeu valor em 2015.

Além de afetar a atividade econômica de países exportadores de commodities e as operações das empresas, a desaceleração da China, se ocorrer em ritmo mais forte que o esperado, pode manter elevada a volatilidade no mercado financeiro, o que dificulta ainda mais a emissão de bônus no exterior.

“Os investidores continuam inquietos e propensos ao pessimismo”, afirma o estrategista da gestora de recursos Nuveen Asset Management, Robert Doll.
Ele destaca que o apetite por risco se reduz neste contexto. “A volatilidade deve permanecer elevada”, prevê. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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