Carlinhos Brown desce as escadas do quarto do hotel onde está hospedado, na região central de São Paulo, com entusiasmo. Sorridente, faz questão de cumprimentar os funcionários que passam por ele no estabelecimento. “Oi, amigo. Tudo bem? Depois falo contigo. Não esquenta”, diz a um dos garçons, que grita o nome do ídolo no lobby.
Pode não parecer, mas o músico baiano, com toda essa energia contagiante, tem uma relação especial com a capital paulista. Após 12 anos sem fazer show na metrópole, o músico volta à cidade para duas apresentações no Teatro Santander (Shopping JK Iguatemi). As performances serão realizadas nesta terça, 12, e quarta, 13. “São Paulo foi muito importante para impulsionar minha carreira. É aqui que as coisas acontecem. A cidade possui essa característica de exportar coisas para o Brasil e o mundo”, afirma Brown em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Com direção geral de Paulo Borges, criador da São Paulo Fashion Week, o show Antonio Carlos Brown – Um Popular Brasileiro faz um apanhado geral da trajetória do músico. No repertório, músicas do Alfagamabetizado, seu primeiro álbum de estúdio, além de hits dos Tribalistas e vários outros sucessos gravados ao longo desses 20 anos de carreira. “Existem composições minhas que muita gente não sabe que fui eu que escrevi, sabe? Alguns, inclusive, se surpreendem quando ficam sabendo da verdadeira autoria. É o caso de Magalenha, que fiz com o Sergio Mendes”, afirma Brown.
Músicas do seu recém-lançado CD, Artefireaccua – Incinerando o Inferno, também estarão presentes nos shows. “O espetáculo faz um resgate artístico e emocional bem interessante. Há uma linguagem especial com cenários diversificados. O trabalho do Paulo (Borges) é brilhante neste quesito”, complementa.
Para Brown, no entanto, o afastamento de São Paulo não tem relação alguma com sua sonoridade. De acordo com ele, a cidade está mais “aberta” para entender sua proposta artística. “São Paulo é uma referência cultural e sonora. Tudo passa por ela. Houve uma evolução muito grande por parte das pessoas. Elas, hoje, são mais capazes de compreender o que quero dizer por intermédio da minha música. Nunca acreditei em preconceito ou algo do gênero. Vale lembra que os shows serão realizados em um teatro, algo novo para mim. Isso, de fato, muda completamente a proposta do espetáculo. Quando toco no carnaval, por exemplo, é uma coisa. Uma apresentação ao ar livre, outra. E em um teatro, obviamente, também tem suas especificidades.”
Realidade
Muito conhecido no exterior e constantemente colocado como uma das principais referências da música popular brasileira mundo afora, Brown acredita que o “tesouro musical do País” pode e deve ser melhor explorado pela própria nação, já que os estrangeiros, muitas vezes, parecem, segundo ele, valorizar mais nossa cultura. “O Brasil é incrível e precisa lutar com todas as forças para continuar sendo visto dessa maneira. Temos um leque histórico de talentos. São grandes artistas carnavalescos. Nossa história é enorme, com o Tropicalismo e tudo mais. Nunca devemos nos esquecer disso”, crava.
Jurado do reality The Voice Brasil, da TV Globo, desde 2012, Brown afirma que o programa sempre oferece oportunidades de aprendizado, incluindo para os próprios jurados. Na última temporada (sem levar em conta a versão para as crianças), ele esteve ao lado de Claudia Leitte, Lulu Santos e Michel Teló. “A música é algo fascinante. Aprendemos constantemente com ela. A cada artista que surge ali, pensamos no quanto podemos absorver e, obviamente, ensinar. Nada é limitado. Nem para gente, nem para eles. E isso é o que mais estimula e nos faz seguir em frente”, conclui. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.