Não poderia ter sido mais desastrosa a vinda do ex-presidente Lula a Guarulhos. Além de criticar publicamente a gestão de seu companheiro de partido, Sebastião Almeida (PT), que concorre à reeleição, ele desrespeitou o cidadão guarulhense ao atacar – sem conhecimento de causa – o candidato da Oposição, Carlos Roberto (PSDB), que tem a mesma profissão de Lula (ferramenteiro). E reconheceu a legitimidade da candidatura tucana. "Não o conheço pessoalmente. Portanto não posso falar mal. Pelo que estou sabendo, ficha suja não pode concorrer à eleição", afirmou no palanque montado no Jardim São João, na noite desta segunda-feira.
Lula demonstrou saber dos índices de desaprovação à atual gestão petista, ao sugerir que – no caso de ter um segundo mandato – ele faça uma administração melhor. "Se deixar, secretário fica inventando. Obrinha daqui, obrinha de lá. A responsabilidade é tua (Almeida) e se não der certo quem vai tomar cacete é você", disse Lula, que neste momento sente os reflexos da condenação pelo STF de seus "companheiros de luta" José Dirceu e José Genoíno por formação de quadrilha e corrupção ativa, no Mensalão durante seu primeiro mandato como presidente da República.
Em seu discurso, Lula deixou evidente que o PT faz qualquer coisa para se manter no poder e faz declarações conforme a freguesia. "Em São Paulo, ele defende a mudança. Em Mauá, o continuísmo. Ele não sabe o que quer. Em Guarulhos, diante da reprovação do PT local, não teria outra coisa a fazer que não fosse tentar ensinar o Almeida a governar", disse Carlos Roberto.
Para o candidato do PSDB, "Lula mostra que não conhece o Carlos Roberto, tampouco seu correligionário Almeida. Do contrário ele viria aqui para explicar para onde foram os R$ 40 milhões desviados pela ONG Água e Vida, administrada pela família de Almeida, em que condições morreram as 14 crianças na UTI Neonatal do Hospital Municipal, para onde foram os R$ 6 milhões pagos à Delta, do Carlinhos Cachoeira, e o que justifica a filha do prefeito ter um cargo comissionado na Prefeitura do PT de Carapicuíba, com salário de mais de R$ 3,5 mil por mês".
Em relação às acusações de Lula de que é sonegador, Carlos Roberto enfatiza que "todo empresário brasileiro sabe muito bem o que causou à economia o "efeito Lula" quando ele assumiu a presidência em 2002. Não sonegamos impostos. Priorizamos a folha de pagamento de nossos milhares de funcionários ao invés de fazer uma demissão em massa", afirmou Carlos Roberto, que tem orgulho de ser oriundo da iniciativa privada, bem diferente de Almeida, que não fez outra coisa na vida do que viver à reboque da administração pública.
"O crime praticado hoje é pelo PT, um partido sem escrúpulos que não respeita o cidadão, o trabalhador e a sociedade. Existe um julgado no Tribunal Regional Eleitoral proibindo a divulgação dessas mentiras. No entanto, o candidato Almeida vem explorando isso à revelia da Justiça, sem o menor puder, em clara demonstração de afronta ao Poder Judiciário. Já estou providenciando as medidas judiciais cabíveis para colocar fim à essa farra".