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Carnaval em Guarulhos: chuvas, caos e a incompetência nossa de todos os dias

Não foi a primeira vez e não será a última. O Carnaval de Guarulhos foi cercado de polêmica, desde que quase R$ 500 mil foram liberados pela Prefeitura para as escolas de samba. Uma cidade destruída, como está Guarulhos, que não paga fornecedores, cheia de obras paradas, com sérios problemas na saúde pública, sistema viário, entre outros, tem o direito de “gastar” esse meio milhão numa festa? Para muita gente, não. 
 
Aliás, quase a totalidade das pessoas que postaram comentários nas reportagens publicadas pelo GuarulhosWeb reprovou a liberação do dinheiro. O discurso sempre o mesmo. Para assar um pouco a batata do prefeito Sebastião Almeida (PT), que chega ao último ano de seu governo, sem conseguir realizar quase nada do que prometeu após oito anos de poder, as chuvas de sábado destruíram a “avenida do samba” guarulhense. 
 
Pronto. Foi um prato cheio para que os ataques à administração fossem intesificados. Fotos se espalharam pelas redes sociais mostrando a avenida cheia de água. Talvez, a dos banheiros quimicos boiando na passarela do samba tenham sido as mais emblemáticas. Aqui, sim um grande erro. Realizar os desfiles, no auge do verão, quando as chuvas são mais do que previsíveis, em um local onde alagamentos são freqüentes, é coisa de quem não enxerga um palmo à frente do nariz. Aliás, essa é uma marca desses oito anos de Almeida. 
 
Mas daí a dizer que a Prefeitura não tinha o direito de realizar o Carnaval e despejar meio milhão de reais nos cofres das escolas de samba e blocos soa como exagero e hipocrisia. A festa de Momo é uma realidade no Brasil. Em Guarulhos, não é diferente. Queiram ou não, é sim cultura popular. Muita gente vive em função desses poucos momentos de alegria. Durante o temporal de sábado, muitas mensagens foram direcionadas ao GuarulhosWeb partindo de pessoas simples que estavam prontas para ir para o Taboão e ficaram muito tristes com o cancelamento.
 
Se as escolas de samba são utilizadas como moeda política, num velho tomá-lá-dá-cá de favores prestados com dinheiro público em troca de votos, isso é outra história. É um mal que deve ser cortado na raiz. Não é simplesmente cancelando o Carnaval que se resolve isso. 
 
A Secretaria de Cultura erra também ao não buscar formas de financiamento privado. Mas alguém, em sã consciência, acredita que seria possível esperar isso da administração que está aí? Impossível. Uma pasta que vive de promover festas em praças, organizadas por grupos que se alinham política e ideologicamente com o atual poder, não tem tempo para vôos maiores. Teve 16 anos para fazer isso e não fez. 
 
Neste domingo, segundo a Prefeitura, 10 mil foram à avenida no Taboão para acompanhar os desfiles. Foi gente que se frustrou no sábado, quando os desfiles foram cancelados diante do caos, promovido pela própria administração. Não culpem a natureza. Como dito antes, alagamentos naquele local são mais do que previsíveis. Já aconteceu em anos passados. Em 2015, escolas entraram no alagamento para atravessar a avenida. 
 
Diante de tanta previsibilidade, fica uma reflexão: será que o problema não é outro?  Não seria das escolas de samba. Não seria de São Pedro. O problema não seria de todos nós, que permitimos que nossa cidade seja administrada desta forma? . 
 

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