Estadão

Carpini diz que Água Santa foi patinho feio desde o início e usou isso como motivação

Protagonista de uma vitória memorável sobre o Palmeiras no último domingo, pela rodada de ida da final do Paulistão, em Barueri, o Água Santa se viu como azarão desde o início do campeonato e usou isso ao seu favor até alcançar o surpreendente 2 a 1 diante dos palmeirenses. Para o técnico Thiago Carpini, o time de Diadema era o patinho feio até mesmo em sua chave da fase de grupos, formada por São Paulo, Guarani e Mirassol.

"Mediante todas essas dificuldades, aspectos técnicos, táticos e físicos, e ter que enfrentar São Paulo, Palmeiras, Bragantino. Até na nossa chave, nunca fomos favoritos.. Em uma chave com Mirassol, Guarani e São Paulo, o Água Santa não é favorito. A gente usou isso de forma motivacional, que o patinho feio poderia chegar. O futebol nos mostra isso constantemente", disse o treinador de 38 anos em entrevista ao programa Boleiragem, da SporTv.

Envolvido resignadamente pelo rótulo de azarão, o Água Santa fez uma excelente primeira fase e terminou em segundo lugar do grupo, empatado em 23 pontos com o São Paulo. Além disso, teve a quarta melhor campanha geral, o que não mudou sua postura em relação à sua real condição frente à boa parte dos adversários.

Eliminar os são-paulinos nas quartas de final trouxe mais confiança, mas a mentalidade segue a mesma. Quando conversa com seu elenco, Carpini se depara com um alto nível de receptividade e entendimento sobre suas ideias, outro fator que considera essencial para ter levado a equipe à decisão do título estadual.

"Eu gosto muito dessa relação com os atletas, talvez pela idade muito próxima ainda. O ser humano e o atleta não estão distantes. Se você não entender o ser humano, você não tira o melhor do atleta. A gente teve uma relação muito aberta. A palavra é desfrutar. O mérito é todo dos atletas. Uma coisa é você propor ideias, outra coisa é a equipe assimilar, fazer, executar. Acho que esse é o grande mérito do Água Santa, tentar jogar mesmo com suas limitações, do 1 ao 26", afirmou.

Durante a conversa no programa, Carpini também mostrou-se incomodado com comentários que ouviu de pessoas dizendo que seu time seria violento. Ele defendeu, mais uma vez, que vê o comportamento da equipe como combativo e competitivo. Usou, inclusive, o jogo entre Brasil e Croácia, pelas quartas de final da Copa do Mundo, como exemplo das consequências de não fazer uma falta técnica quando necessário, referindo-se ao gol de empate dos croatas.

"Eu acredito nesse futebol e não abri mão da competitividade. Foi um ponto que marcou nossa trajetória desde o início. Nos permitiu chegar neste momento, não vou dizer com uma folga, mas com propriedade. Eu até ouvi gente dizer que o Água Santa é um time violento e isso eu discordo. Eu acho que violência é uma coisa e competitividade é outra. É uma coisa que às vezes falta para o nosso futebol. Eu dei muito exemplo do Brasil e Croácia, se alguém tivesse matado a jogada talvez a gente não tivesse sido eliminado. Sou fã do futebol argentino e acho que um dos melhores jogos que vi nos últimos anos foi a final da Copa do Mundo, de competir, jogar, de propor", comentou.

Ao comentar a vantagem do empate que o Água Santa terá no segundo jogo da final, marcada para às 16 horas de domingo, no Allianz Parque, o treinador do clube de Diadema foi cauteloso. "Não deixe de ser uma vantagem. A responsabilidade não é nossa, de maneira nenhuma. Essa pequena vantagem, o que fizemos hoje, não serve para ontem. Fazer 1 a 0 no Allianz não é nada para um time com a capacidade que tem o Palmeiras, um comando técnico excelente. Nós temos a responsabilidade de repetir uma boa atuação", concluiu.

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