O Carrefour apresentou lucro líquido ajustado de R$ 256 milhões no terceiro trimestre de 2022, queda de 58,8% em relação ao mesmo período de 2021. O Ebitda, por sua vez, foi de R$ 1,692 bilhão, com alta de 14%. Se a operação do Grupo Big fosse retirada da conta, o Ebitda ajustado ficaria em R$ 1,606 bilhões, com alta de 8%.
O CFO da companhia, David Murciano, explica que a queda no lucro líquido está dentro do previsto e se deve ao impacto dos juros na dívida da companhia, assumida, em grande parte, para a compra do Grupo Big. Já o Ebitda ajustado consolidado foi impulsionado pelo crescimento robusto das bandeiras de atacarejo e pela melhoria da rentabilidade do Varejo.
<b>Atacadão</b>
A divisão de atacarejo do Carrefour Brasil, que envolve a bandeira principal, o Atacadão, e marca do Grupo Big, Maxxi, apresentou crescimento de 26,6% de receita líquida e atingiu R$ 17,8 bilhões, mas viu sua margem bruta cair de 15,5% um ano atrás, para 14,8% no terceiro trimestre de 2022. O Ebitda ajustado dessa divisão ficou em 1,1 bilhão, alta de 8,1%. A margem Ebitda caiu de 7,8% para 6,7%.
Murciano diz que, com a nova margem bruta, a companhia voltou ao patamar histórico de 2021. Ele explica que, durante o período inflacionário, a companhia conseguiu fazer compras em patamares mais baixos de preço e vender melhor, mesmo com preços competitivos. Agora, porém, acontece o contrário. Mercadorias compradas em preços mais altas perdem margem para serem vendidas em preços mais competitivos.
As despesas VG&A (com vendas, gerais e administrativas) totalizaram R$ 1,4 bilhão no trimestre, alta de 34%, impulsionadas, segundo a companhia, pela expansão acelerada no Atacadão através de aberturas orgânicas e conversões de lojas.
<b>Carrefour</b>
A receita líquida das operações de varejo do Carrefour foi de R$ 7,4 bilhões, com alta de 55%. A margem bruta da operação foi de 25,5%, alta de 1,7 ponto porcentual. Nesse caso, Murciano diz que, como a operação permite preços um pouco mais altos, a diminuição da pressão inflacionária ajuda a melhorar a margem dessa unidade de negócios. O Ebitda ajustado dessa área foi de R$ 281 milhões, alta de 15%.
<b>Digital</b>
O GMV total das iniciativas digitais do grupo atingiu R$ 1,4 bilhão, um aumento de 95,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho foi impulsionado, segundo a companhia, pelo segmento alimentar, que cresceu 2,3 vezes, principalmente pelas vendas digitais de alimentos no Atacadão.
<b>Banco</b>
O faturamento total do Banco Carrefour atingiu R$ 13,3 bilhões, alta de 8,7%. O Ebitda ajustado foi de R$ 165 milhões, queda de 11,8%. A companhia credita a queda ao aumento de despesas. O indicador de inadimplência acima de 90 dias aumentou de 13,1 um ano atrás, para 18,2% neste terceiro trimestre. No trimestre imediatamente anterior, o indicador estava em 17,4%.
A carga de risco totalizou R$ 549 milhões , alta anual de 41,1%, "explicada tanto pela maior propensão ao financiamento, quanto pelo aumento da inadimplência", diz a empresa.
<b>Dívida</b>
A dívida líquida do grupo Carrefour Brasil atingiu R$ 13,2 bilhões ou R$ 19,7 bilhões, incluindo aluguéis e recebíveis descontados, aumento de R$ 5,9 bilhões e R$ 9,9 bilhões, respectivamente, na comparação anual. Em relação ao EBITDA Ajustado LTM, a dívida líquida (incluindo recebíveis) aumentou para 2,26x, principalmente pela aceleração do plano de conversão de lojas do Grupo BIG. "No entanto, mantemos nossa expectativa de fechar o ano em no máximo 2x", diz a empresa, no relatório que acompanha os resultados do período.