O Grupo Carrefour se despediu de um dos mais importantes empresários do varejo, Abilio Diniz, durante mudanças estruturais relevantes e que buscam retomar uma trajetória sustentável de seus resultados. Diniz, de visão ímpar do segmento de varejo, entrou no Carrefour em 2014 e, nesses dez anos, acompanhou à chegada da varejista à bolsa e sua consolidação no mercado nacional brasileiro.
Um ano depois de sua chegada, o Grupo Carrefour Brasil se tornou o primeiro varejista de alimentos presente em todos os estados do Brasil, a partir de uma sequência de abertura de lojas. Em 2017, o Carrefour Brasil levou suas ações à bolsa. Neste mesmo ano, houve a criação do Carrefour Market, um modelo de lojas menores em bairros residenciais da cidade de São Paulo.
O desejo de se unir ao Carrefour era antigo, ainda quando estava à frente do Grupo Pão de Açúcar, marca fundada por seu pai. "Era já um desejo antigo nosso fazer algo com eles. Para mim, o fato de estar na sede global (do Carrefour) me dá uma visão de mundo muito maior", disse o empresário em sua última entrevista concedida ao <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) há cerca de um ano.
"Se hoje o Grupo Carrefour Brasil é o maior varejista alimentar do país, isso se deve em grande parte à atuação do Sr. Abílio Diniz", disse em nota de pesar a varejista. Abilio Diniz faleceu no domingo, 18, aos 87 anos, e até então ocupava a vice-presidência do Conselho de Administração e a presidência do Comitê de Talentos, Cultura e Integração da varejista. Os cargos permanecerão vazios momentaneamente até deliberação do Conselho de Administração, informou a varejista.
A empresa de participações da família Diniz, a Península, detém pouco mais de 7% das ações do Carrefour Brasil.
O presidente do Grupo Carrefour Brasil, Stephane Maquaire, amigo pessoal de Abilio, enfatizou que pessoas como ele não morrem e que o empresário foi um guia que trouxe importantes contribuições para sua missão à frente do negócio.
Atualmente, o Carrefour está em busca de um maior equilíbrio financeiro. Desde a aquisição da rede BIG em 2022, o Carrefour tem vivido o desafio da conversão dessas lojas em Atacadão, o que vem limitando seu resultado. Embora as conversões tenham sido concluídas no primeiro semestre do ano passado, o desempenho operacional do Atacadão ainda é considerado lento.
Por outro lado, a varejista tem feito esforços de corte de custos e adotou uma estratégia para otimizar seus ativos imobiliários. Conforme apurou o Broadcast, o grupo vai dar andamento a um plano anunciado em 2022 de venda de suas lojas – inicialmente entre 200 a 300 – nos quais permanecerá como inquilina.
O Carrefour também está atraindo parceiros para explorar o potencial de desenvolvimento imobiliário dos seus terrenos, além de assegurar maior liquidez aos negócios. Este mês, acertou a venda de dois terrenos para a incorporadora Riva, do grupo Direcional, erguer prédios residenciais ao lado de seus supermercados em São Paulo e no Rio de Janeiro – em áreas que hoje são usadas como estacionamentos.