Diferente de outros países que são grandes produtores de veículos, o Brasil está apostando nos carros híbridos flex como estratégia de descarbonização na área de mobilidade, em detrimento dos elétricos. Isso fez com que, até pouco tempo atrás, isso fez com que o País fosse visto como atrasado na corrida pela descarbonização dos transportes.
Agora, porém, o Brasil pode se mostrar tranquilo por ter defendido, desde o início, uma transição com carros híbridos abastecidos de etanol. Os recentes movimentos de pressão contra a eletrificação dos veículos na Europa e nos Estados Unidos colocam o Brasil nessa posição mais confortável no processo de descarbonização nas áreas de mobilidade e transportes.
Países desenvolvidos que saíram na frente colocando metas para o fim da produção de veículos a combustão e partiram para altos investimentos na fabricação de elétricos, além de vultosos subsídios para a compra desses modelos, hoje estão reavaliando prazos. As vendas de elétricos estão desacelerando em alguns mercados, em parte por causa do fim de incentivos governamentais para os consumidores e da falta de infraestrutura para recarga.
Com opções como o etanol para automóveis e outros biocombustíveis para veículos comerciais, o Brasil tenta se posicionar como referência na transição energética do setor. "Problemas na Europa e nos EUA estão ajudando a solidificar a visão brasileira de que os veículos híbridos (que usam como fonte de energia a eletricidade e o combustível) têm papel relevante na transição, e que o País não precisa ir direto para os carros 100% a bateria", diz Carlos Libera, sócio da consultoria Bain & Company.
Definida a direção, no fim do ano passado o governo brasileiro lançou o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que dispõe de R$ 3,5 bilhões para projetos de P&D em tecnologias limpas para o setor automotivo neste ano. Até 2028, serão R$ 19,3 bilhões. Também está em tramitação no Congresso o Projeto de Lei do "Combustível do Futuro" que, entre outras medidas, estimula o uso de etanol nos híbridos e o aumento de sua mistura na gasolina de 27% para 30%.
Na sequência do Mover, que ainda tem vários pontos a ser detalhados, vieram anúncios de grandes investimentos por parte da maioria das montadoras – mais de R$ 120 bilhões até 2030 -, todos incluindo a produção e ampliação de linhas de carros híbridos.
"A opção pelo híbrido flex ocorreu considerando a infraestrutura bastante distribuída por todo o Brasil para abastecimento de etanol. Por outro lado, a infraestrutura de recarga para elétricos no País é bastante deficiente", diz Roberto Braun, da área de ESG da Toyota no Brasil.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>