Centenas de cartas trocadas entre um cardeal polonês que mais tarde veio a ser conhecido como Papa João Paulo II, e uma filósofa norte-americana nascida na Polônia, mostram uma amizade “difícil” e “corajosa” que durou 32 anos, afirmou o diretor da Biblioteca Nacional da Polônia nesta terça-feira.
As missivas sugerem que Anna-Teresa Tymieniecka poderia estar apaixonada pelo então cardeal Karol Wojtyla, disse o diretor da biblioteca, Tomasz Makowski, à Associated Press. Ele planeja publicar o conteúdo das cartas nos próximos anos.
Apesar da sugerir um sentimento amoroso por parte de Anna-Teresa, que morreu em 2014 aos 91 anos, Makowski afirma que o papa manteve a relação entre os dois em um nível puramente amigável e intelectual. As cartas foram trocadas entre 1973 e 2005, pouco antes da morte de João Paulo, e arrematadas em um leilão por uma cifra de “sete dígitos”.
Segundo Makowski, que diz ter lido “cada página” dos documentos, os dois se encontraram pela primeira vez em 1973, quando a filósofa propôs editar sua obra filosófica, e alonga colaboração entre os dois se transformou em uma amizade. O vínculo entre os dois azedou temporariamente em 1978, quando Wojtyla foi eleito papa e ela procurou editoras para publicar seu livro. Posteriormente, os dois reataram.
“Quando eu li as cartas eu vi que a amizade deles era muito difícil, por muitas razões, e também muito corajosa porque João Paulo II foi uma das primeiras autoridades eclesiásticas de grande importância a não ter medo em cooperar com as mulheres”, disse Makowski.
Em cada carta, João Paulo assegurava Anna-Teresa que rezava por ela e pensava em sua família e seus problemas. Ele também perguntava por seu marido e suas crianças.
“Estas são cartas de um verdadeiro amigo”, disse. “Mas ele escrevia cartas do tipo a outras pessoas também.”
“A questão é: Anna-Teresa era apaixonada por Wojtyla? Eu não sei, mas acredito que era bem provável”, disse. Fonte: Associated Press.