A Bolívia teve rejeitado nesta terça-feira pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) o recurso que apresentou contra a punição aplicada à seleção do país nas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2018. A equipe nacional havia recebido, no dia 27 de outubro do ano passado, uma sanção da Fifa por ter escalado um jogador em situação irregular nas partidas contra Chile e Peru.
Em campo, os bolivianos somaram quatro pontos nestes dois duelos, mas a entidade que controla o futebol mundial declarou a seleção derrotada por 3 a 0 nos dois confrontos por causa da escalação do jogador Nelson Cabrera, nascido no Paraguai e que não teria os requisitos necessários para se naturalizar pela Bolívia. Além da perda de pontos, a Federação Boliviana de Futebol foi multada em 12 mil francos suíços (cerca de R$ 39 mil na época da punição).
A decisão da CAS garante ao Chile a sua manutenção na quarta posição das Eliminatórias Sul-Americanas, com 23 pontos, sendo que os chilenos empataram por 0 a 0 com os bolivianos em partida realizada em 6 de setembro do ano passado. Assim, a punição ao rival lhe garantiu dois pontos extras. Já o Peru, derrotado por 2 a 0 pela Bolívia no dia 1º daquele mesmo mês, foi ainda mais beneficiado pela decisão da Fifa, pois contabilizou três pontos com essa partida mesmo sem ter conquistado nenhum dentro do gramado diante do adversário.
Os argumentos apresentados pela Federação Boliviana de Futebol foram rejeitados pela CAS após uma audiência realizada em 5 de julho deste ano, quando o recurso foi analisado por três juízes do máximo tribunal esportivo e eles mantiveram a validade da punição aplicada pela Fifa.
A CAS revelou que, na audiência do último dia 5 de julho, a defesa apresentada pelos bolivianos não contestou a inelegibilidade de Nelson Cabrera, mas questionou se a Fifa possuía o direito de abrir uma investigação para apurar a situação do jogador um mês depois de as partidas em que o atleta foi escalado terem sido realizadas. O regulamento das Eliminatórias da Copa prevê que protestos oficiais devam ser apresentados até uma hora após o apito final de um confronto.
Porém, o tribunal com sede em Lausanne, na Suíça, rejeitou o argumento questionado pelos bolivianos ao lembrar que o Código Disciplinar da Fifa (CDF) dá o direito à entidade de iniciar um processo de investigação dentro de um prazo de dois anos, conforme preveem os artigos 42 e 108 do CDF.
Pelo dois pontos a mais que ganhou em virtude da punição aos bolivianos, o Chile hoje fecha a zona de classificação para o Mundial de 2018, ficando logo à frente da Argentina, quinta colocada do qualificatório, com 22 pontos, e que hoje teria de disputar uma repescagem contra um rival da Oceania na luta por uma vaga na grande competição que será realizada na Rússia. O Peru, mesmo com os três pontos extras que a sanção lhe rendeu, ocupa apenas o sétimo lugar das Eliminatórias, com 18 pontos.
A Bolívia, que teve retirados os quatro pontos que somou em campo nestas partidas contra chilenos e peruanos, amarga a penúltima posição do qualificatório, com apenas dez pontos. Muito próximos de darem adeus às chances matemáticas de irem à Copa, os bolivianos enfrentarão o Peru nesta quinta-feira, em Lima, pela 15ª rodada do qualificatório sul-americano, antes de encararem o Chile no próximo dia 5 de setembro, em casa. Será os reencontro justamente com os rivais que foram beneficiados pela irregularidade envolvendo Nelson Cabrera no primeiro turno das Eliminatórias.