Em mais uma decisão negativa para o esporte russo nesta sexta-feira, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) anunciou duas duras punições por doping, ao técnico Vladimir Mokhnev e à atleta Anastasiya Bazdyreva, corredora dos 800 metros. Mokhnev foi suspenso por dez anos, enquanto Bazdyreva foi afastada das competições por dois anos.
Treinador da elite do atletismo da Rússia, Mokhnev sofreu a punição por “estar de posse, traficar e administrar substâncias e/ou métodos ilegais” a atletas. Pela decisão da CAS, ele deve ficar afastado do esporte por dez anos, a começar a contagem nesta sexta-feira. Entre os atletas comandados por Mokhnev estava Yuliya Stepanova, responsável por delatar o esquema de doping no atletismo russo.
Já Anastasiya Bazdyreva foi condenada pela CAS por ter “consumido ou ter tentado consumir substância ou método proibido”. A corte não revelou o nome da substância que teria sido flagrada em exame antidoping.
Pela decisão, a russa foi punida com suspensão de dois anos, mas a sanção é retroativa ao dia 24 de agosto do ano passado. Desta forma, ela poderá voltar a competir no fim de agosto de 2017. Ela terá cassada todos os prêmios, medalhas e valores em dinheiro conquistados neste período da punição.
Estes dois julgamentos, contudo, são considerados de primeira instância porque a entidade que deveria fazer o primeiro julgamento, a Federação de Atletismo da Rússia, cumpre suspensão por causa das constantes denúncias de doping no esporte russo nos últimos dois anos.
Antes das decisões anunciadas pela CAS, o esporte russo foi atingido por outra notícia negativa. O Comitê Olímpico Internacional (COI) abriu investigação contra 28 atletas do país com suspeita de manipulação em suas amostras colhidas durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em 2014, na Rússia.
A investigação é a primeira grande resposta do COI ao relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, à pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), apresentado no dia 9 deste mês.
No documento, McLaren apontou que mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de doping entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma “conspiração em uma escala sem precedentes” entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo.
O caso mais grave aconteceu nos Jogos de Sochi, quando autoridades do próprio governo russo trocaram amostras de urina dos seus atletas para evitar casos de doping. McLaren afirmou ainda que o doping sistemático no esporte russo provocou a “maior fraude” esportiva durante a Olimpíada de Londres.