Nesta terça-feira (5) a Prefeitura de Guarulhos promoveu uma roda de conversa sobre o racismo e a potência da mulher por meio do livro Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus, na Casa da Mulher Clara Maria Vila Galvão. Fruto da parceria entre as subsecretarias da Igualdade Racial e de Políticas para as Mulheres, a atividade faz parte da programação do Novembro Negro, da campanha “16 + 5 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, e da 3ª Semana de Direitos Humanos.
A obra literária retrata o dia a dia na vida de uma mulher negra, migrante de Minas Gerais, vivendo em uma favela paulistana na década de 1960 e as dificuldades que enfrenta para sobreviver, criar e alimentar os três filhos sozinha. “É um livro emblemático de uma favelada, segregada, catadora de recicláveis, negra e mãe solo que dialoga com a realidade de muitas mulheres em várias situações. É uma escrita universal que discute o papel da mulher na sociedade, os seus desafios cotidianos e consegue alcançar o coração de muitas leitoras”, explicou a socióloga Suely Akemi Fugiwara Siro, que conduziu o encontro ao lado de outras duas técnicas da Subsecretaria da Igualdade Racial.
Aos 61 anos, a viúva aposentada Rosimeire da Penha N. Galdino participou da discussão e considera a obra de Carolina Maria de Jesus atual. “O diário conta muita história que ainda acontece hoje em dia. É um livro que abre a mente da gente e despertou reflexões sobre várias situações que passei. Se eu parar para pensar, já sofri preconceitos. Alguns foram tão sutis que eu nem percebi na época, como quando ninguém da classe me escolhia para o trabalho em grupo na escola. Eu ficava sempre por último e a professora tinha que me encaixar em algum grupo”, revelou a moradora da Vila Galvão, mãe de um filho.