Estadão

Casamento real da Jordânia atrai realeza europeia

A estratégia vem da Idade Média, mas serve de ferramenta diplomática até hoje. O casamento de Hussein bin al-Abdullah, príncipe herdeiro da Jordânia, com Rajwa al-Seif, arquiteta ligada à família real saudita, foi celebrado ontem no Palácio Zahran, em Amã. A união é considerada uma chance para melhorar a conturbada relação entre os dois reinos vizinhos.

Entre os convidados, a nata da realeza europeia, incluindo o casal William e Kate, herdeiros do trono britânico, o príncipe Frederik Christian, da Dinamarca, e Willem-Alexander, rei da Holanda. Celebridades e líderes mundiais também foram selecionados a dedo para a cerimônia, entre eles Jill Biden, primeira-dama dos EUA, e John Kerry, enviado especial do governo americano para questões climáticas.

<b>DIPLOMACIA</b>

A relação entre Jordânia e Arábia Saudita vinha piorando desde que Mohamed bin Salman, príncipe herdeiro saudita, se tornou a cara da monarquia. O governo jordaniano se sentiu escanteado quando Riad tomou a frente das negociações de paz entre israelenses e palestinos.

O casamento é uma chance de fortalecer os laços entre os dois países. O pai de Rajwa, Khaled al-Saif, comanda uma das maiores empreiteiras da Arábia Saudita. A mãe, Azza Sudairi, é parente do rei saudita Salman al-Saud.

"Os dois reinos estão se unindo nos níveis mais altos. A Jordânia depende de ajuda externa, principalmente de países ricos em petróleo, como a Arábia Saudita", disse o analista Josef Federman. "Essa ajuda diminuiu nos últimos anos e o casamento, provavelmente, resgata a esperança da Jordânia de restaurar essa ajuda."

No entanto, além dos bons termos entre reinos vizinhos, a cerimônia de ontem também reverberará de outras maneiras. Primeiro, é uma espécie de teste para a família governante da Jordânia, que passou por uma crise em razão de problemas econômicos e de algumas brigas públicas.

Por fim, o mais importante, a cerimônia mostra ao mundo o homem escolhido para governar um país-chave no Oriente Médio. Nos últimos anos, os 11 milhões de jordanianos viram o jovem príncipe herdeiro ganhar destaque em aparições públicas ao lado do pai, Abdullah II. Hussein formou-se na Universidade Georgetown, nos EUA, alistou-se no Exército e obteve algum reconhecimento global ao discursar na Assembleia-Geral da ONU.

A cerimônia de ontem, dizem os especialistas, marca um rito de passagem crucial. "Não é apenas um casamento, é a apresentação do futuro rei da Jordânia", disse o analista político Amer Sabaileh. "A questão do príncipe herdeiro está encerrada."

<b>BANQUETE</b>

O rei Abdullah fez de tudo para deixar uma boa impressão. Declarou feriado para que a multidão pudesse acenar para a carreata do casal. Após o casamento em Amã, a festa foi realizada no Palácio Al-Husseiniya, a 30 minutos da capital, onde foi oferecido um banquete para mais de 1,7 mil pessoas.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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