Casares diz que São Paulo deve quase R$ 600 milhões e promete priorizar base

O novo presidente do São Paulo, Julio Casares, concedeu nesta segunda-feira a primeira entrevista coletiva após assumir o cargo e prometeu aplicar mudanças significativas no clube durante a gestão, que vai durar três anos. Um dos principais focos será reduzir a dívida, avaliada em quase R$ 600 milhões. Além disso, prometeu aproveitar mais as categorias de base. O compromisso é dar mais chance aos garotos no time principal e evitar que sejam vendidos ao futebol europeu precocemente.

Casares apresentou um plano de 50 metas para serem aplicadas nos cem primeiros dias de gestão. As propostas contemplam desde a organização de setores de gestão e planos de redução de despesas, até a ações voltadas para criar camarotes para ex-jogadores e setores populares no Morumbi, além da definição de critérios para saídas e vendas de jogadores e de estabelecer a criação de comitês de trabalho.

Para reduzir as despesas, o presidente organizou um comitê financeiro de trabalho para atuar na renegociação com credores. "A nossa dívida eu chamo de compromisso. Está ao redor de R$ 570 a R$ 580 milhões", contou Casares.

Por causa dessa pendência, o dirigente ressaltou ser necessário ter cuidado para definir quem será o novo diretor executivo de futebol a partir de fevereiro, quando Raí deixará o cargo.

Casares disse ter conversado com Rodrigo Caetano, ex-Internacional, porém o elevado salário esfriou a negociação. "Eu vejo muitas notícias de nomes, vou dar um exemplo, o Rodrigo Caetano, um grande profissional, mas tem uma pretensão alta de salário dentro das nossas possibilidades", explicou. O clube também vai atrás de um executivo para comandar as categorias de base.

Aliás, os times da base vão receber atenção especial de Casares. O novo presidente quer aumentar a integração com o profissional e pretende que o clube priorize os garotos formados em Cotia quando houver a necessidade de contratação de atletas. "Quando a comissão técnica identificar necessidade da posição, terá que ser uma prática buscar esse valor dentro da nossa formação. Se não for possível, aí vamos ao mercado, mas de maneira diferente", disse.

Uma preocupação de Casares é aumentar o tempo de permanência dos garotos no clube. Em vez de serem revelados e vendidos para gerar dinheiro, a ideia é mudar esse cenário. "O jogador, na minha visão, tem que ser revelado, deixar um legado esportivo e depois o legado financeiro. Claro que a necessidade financeira existe. O São Paulo tem responsabilidade, não vamos fechar os olhos. Mas o ideal é que o garoto ame o São Paulo, deixe um legado esportivo e depois venha o legado financeiro", afirmou.

O novo presidente já nomeou diretores para algumas áreas. A principal novidade foi o retorno do ex-técnico Muricy Ramalho, agora empossado como coordenador de futebol. O papel dele será atuar na ligação entre a comissão técnica e o elenco com a diretoria. Muricy já começou o trabalho nos últimos dias com expediente no CT da Barra Funda. Pelos próximos meses, mais alguns dirigentes serão nomeados.

Casares não promete quitar as dívidas até o fim da gestão, mas pretende deixar a situação bem melhor do que a atual. "Eu espero ser avaliado depois de três anos como uma pessoa que equilibrou as finanças e diminuiu as dívidas", disse. O clube tem estudado alternativas para incrementar receitas de patrocínio e do sócio torcedor.

FUTEBOL FEMININO – Outra novidade trazida pelo presidente do São Paulo diz respeito ao time feminino. O elenco passará a treinar no CT de Cotia, junto com a base, e não mais no setor social do clube. "O principal conteúdo de uma equipe é seu treinamento. Temos nove campos em Cotia, já temos uma área reservada, com todo profissionalismo que elas merecem", comentou.

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