Um vídeo que viralizou nas redes sociais no início desta semana tem provocado acirrado debate sobre os novos procedimentos nas cerimônias de velórios e enterros após o surto de coronavírus. Nas imagens, uma mulher acusa o Hospital Padre Bento de registrar a morte de sua avó tendo como causa a Covid-19, o que exigiria restrições para o sepultamento.
“A minha avó teve um infarto e estão colocando no laudo dela coronavírus. A gente não vai poder fazer o velório dela”, diz a mulher, no vídeo. A família também acusa o hospital de não permitir o velório.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo não confirmou a versão da família. O médico, na verdade, atestou insuficiência cardiorrespiratória, rebaltamento do nível de consciência, hipertensão arterial e diabete mellitus. A mulher chegou a dizer, em uma segunda publicação, que seu objetivo não era dizer que o vírus não existe, mas realizar o enterro de sua avó conforme a família desejava.
A polêmica surgiu após o decreto, assinado pelo governador João Doria no dia 20 de março, determinando novas normas que devem ser adotadas para o sepultamento e manejo de corpos durante a pandemia do coronavírus, para evitar novos contágios.
Na prática, a orientação é que as vítimas sejam enterradas sem a realização de velório. Caso os familiares decidam por realizar o ato, deve durar apenas uma hora e poderá reunir, no máximo, dez pessoas. Ainda segundo Doria, a medida foi tomada após ser constatado que um corpo pode transmitir coronavírus por até 72 horas após o falecimento.
O governador afirmou em uma rede social que 100% dos óbitos contabilizados por coronavírus passam por teste. Portanto, mesmo que o procedimento adotado seja para evitar o contágio do coronavírus, aquele óbito entrará na estatística apenas em caso de confirmações do teste.