Cidades

CASO MÉRCIA – Defesa de Mizael tenta desqualificar laudo técnico

A defesa de Mizael Bispo de Souza tentou desqualificar o laudo da reconstituição do crime que vitimou Mércia Nakashima e apontar possíveis falhas na coletas de materiais para análise laboratorial.

Nesta manhã, o perito da Polícia Técnico-Científica Renato Pattoli, que atuou nas investigações da morte de Mércia Nakashima, em depoimento que durou cerca de quatro horas, deu detalhes de como foi feita a reconstituição do momento em que o carro foi jogado na represa de Nazaré Paulista.

Segundo a defesa, a reconstituição, feita com base nas declarações de uma testemunha, foi conduzida de forma a incriminar Mizael. Entre as supostas falhas apontadas, está a falta da coleta para análise da calça (que pudesse indicar que ela tivesse sido mergulhada na água da represa). Segundo Pattoli, uma camisa pólo e sapatos de Mizael foram encaminhados a um laboratório. "Minha única preocupação. Meu foco principal era [encontrar] matéria orgânica no sapato", declarou. O perito disse ter visto que um dos sapatos "tinha pisado em terreno argiloso" e, por isso, havia uma borda de terra incrustada. O único elemento que mostraria que Mizael esteve na represa, no entanto, era a alga.

Os advogados ainda ressaltaram que o laudo da perícia é inconclusivo com relação aos indícios de sangue e de osso encontrados na análise dos projeteis. Segundo o perito, não era possível fazer análise do DNA do material devido à pequena quantidade do material coletado.
A maneira que o carro foi retirado da água pelos bombeiros também foi questionada. A defesa queria saber se eles não deveriam ter esperado a chegada dos peritos para isso. Para Pattoli, era inevitável que esse processo prejudicasse parcialmente a coleta das provas, mas assegurou que os Bombeiros são os primeiros a se preocupar com a preservação.

Para o perito, o assassino deu pelo menos dois tiros, de revólver calibre 38, disparado por alguém sentado no banco do passageiro dianteiro. Como a janela estava aberta, ele não descarta que outros disparos tenham sido feitos. "Posso afirmar que ela [Mércia] foi alvejada dentro do veículo", disse.

O promotor Rodrigo Merli questionou o fato de uma bala ter atingido Mércia "de trás para frente". O perito explicou que isso se dá porque ela teria levantado o braço, no intuito de se defender.

Depois do depoimento, o advogado Ivon Ribeiro afirmou que a alga foi "plantada no sapato de Mizael". Ele, no entanto, não informou quem poderia ter fraudado a essa prova. Para o advogado, o perito não soube explicar como os materiais periciados foram colhidos. "Criaram provas falas para incriminar meu cliente", afirmou.

O perito disse a jornalistas, após depor, que a alga foi colhida legalmente no calçado de Mizael. Ele entende que ela incrimina o PM reformado. "O sapato de Mizael estava na represa. Dá para concluir isso a partir desta alga", disse.

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