Casos ainda aumentam no Brasil e protestos podem disseminar covid-19, diz Opas

Gerente de Vigilância à Saúde e Controle e Prevenção de Enfermidades da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Marcos Espinal afirmou nesta terça, 2, que o número de casos da covid-19 continua a aumentar, advertindo para o fato de que protestos de massa nas ruas podem piorar o quadro.

"Evitemos as reuniões de massa, as aglomerações", defendeu Espinal, durante entrevista coletiva com autoridades da Opas, ao ser questionado sobre protestos contra e a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro ocorridos no fim de semana. "Está muito demonstrado que as aglomerações contribuem para disseminar o vírus", disse ele. "Se lavamos as mãos, mas vamos a uma manifestação de massa, sem usar máscara nem manter distanciamento social, vamos continuar a disseminar a doença."

A autoridade da Opas disse que se observa no Brasil um "aumento inusitado de casos". Além disso, destacou o fato de que mais municípios têm reportado a doença, ou seja, ela tem se disseminado mais pelo País. Nas duas semanas entre 11 de maio de 25 de maio, houve aumento de 68% no número de municípios reportando casos, de um avanço de 53% nesse indicador nas duas semanas anteriores, citou.

Espinal advertiu para o risco de que, após uma manifestação, alguém possa ter se contaminado e ainda transmitido a doença para familiares. "Vamos pensar em nossos pais, avós, todos os que estão confinados, quando chegamos em casa podemos transmitir doença para eles", disse.

Também presente na entrevista coletiva virtual, o brasileiro Jarbas Barbosa, subdiretor da Opas, defendeu a necessidade de distanciamento social, no momento em que se nota um crescimento no caso da covid-19. Segundo ele, é importante que seja dado apoio social, a fim de ampliar a adesão ao confinamento por parte da população. Barbosa também disse que, em um quadro de transmissão crescente da doença, não se deve realizar uma reabertura imediata da economia e pediu que a região invista em ampliar a capacidade de testagem para a doença. "É preciso haver testes suficientes para todos os casos suspeitos", argumentou.

<b>Saída dos EUA da OMS</b>

Etienne também afirmou que a saída dos Estados Unidos da entidade representaria uma "grande contração" nas atividades de saúde pública realizadas pela entidade na região. A autoridade foi questionada, durante entrevista coletiva virtual, sobre a decisão do governo do presidente Donald Trump de retirar o país da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Opas é o braço regional da OMS. Em suas declarações, Etienne disse que tem havido uma colaboração importante com os EUA e que espera que isso continue. De acordo com a diretora, os EUA são o maior financiador da Opas, respondendo atualmente por 60% do financiamento da entidade.

Trump reclama de um viés pró-China da OMS e culpa a entidade por supostamente acobertar dados sobre o coronavírus no início do que se tornou a pandemia global da doença.

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