Empenhado, nos últimos meses, na reformulação da emblemática coleção Vaga-Lume e de outras séries tradicionais do catálogo, e fazendo planos para 2016, o departamento editorial da Ática foi surpreendido na sexta-feira, 2, com a notícia de sua extinção. Isso, em meio às comemorações pelos 50 anos da editora – hoje, assim como a Scipione, ela pertence ao grupo Somos Educação (ex-Abril Educação).
Procurado pelo jornal O Estado de S.Paulo, o grupo disse, em comunicado, que “o objetivo é promover a fusão das equipes editoriais de paradidáticos, didáticos e sistemas de ensino”. Não se tratava de um grande departamento. O enxugamento já vinha ocorrendo nos últimos anos, mas não de forma tão drástica. Em 2013, havia 18 funcionários. Até sexta, eles eram 7. Agora três editores foram demitidos e os outros quatro profissionais foram realocados para a área de didáticos, incluindo uma grávida. A empresa garante que “manterá sua atuação nos paradidáticos”.
À equipe demitida, porém, foi dito que as operações comerciais desses livros seriam mantidas – em 2015, foram publicados cerca de 90 -, mas que não haveria novos investimentos no catálogo infantojuvenil.
Há pouco mais de 10 dias, quando o jornal O Estado de S.Paulo entrevistou Paulo Verano, gerente editorial de paradidáticos da Ática, sobre a reformulação da Vaga-Lume, havia a ideia de relançar outros títulos dentro do novo projeto gráfico nos próximos anos e até planos de encomendar obras a autores contemporâneos. Mas Verano também foi demitido. A ver como – ou se – essa coleção lançada nos anos 1970 e que revolucionou a leitura juvenil e a escrita para adolescentes e outras, como a Gato e Rato e Para Gostar de Ler, serão cuidadas a partir de agora.
Não se trata de uma reação ou prevenção a algum tipo de crise, calcula-se. A Somos Educação comprou em junho a área de didáticos da Saraiva. O negócio ainda está sendo avaliado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas, se tudo der certo, elas serão uma gigante num lucrativo mercado estimado em R$ 2,4 bilhões – só com o Plano Nacional do Livro Didático 2016, elas devem faturar, juntas, R$ 326 milhões.