Variedades

Catálogo raisonné de Leonilson é lançado nesta sexta-feira no Ceará

Poucos artistas brasileiros foram contemplados até agora com um catálogo raisonné que resume o seu itinerário artístico. Entre os mais conhecidos, estão três pintores modernistas, Tarsila, Volpi e Portinari, e o contemporâneo Iberê Camargo (1914-1994). Nesta sexta-feira, 30, às 9 horas, no auditório da Biblioteca Unifor, em Fortaleza, será lançado mais um quinto catálogo raisonné dedicado a um artista brasileiro: o do pintor e desenhista cearense Leonilson (1957-1993). Patrocinado pela Fundação Edson Queiroz, que promove uma exposição com 128 obras do artista na galeria da Unifor (Universidade de Fortaleza), o catálogo, dividido em três volumes, com 1.100 páginas e organizado pelo Projeto Leonilson, reúne 3.400 obras do artista, ou seja, toda a sua produção.

O catálogo, informa a irmã de Leonilson, Ana Lenice Dias, a Nicinha, demorou 24 anos para ficar pronto. Uma das fundadoras do Projeto Leonilson, criado logo após a morte do artista para preservar sua obra, Nicinha contou com o apoio jurídico do advogado Pedro Mastrobuono, do Instituto Volpi, para organizar o catálogo nos moldes daquele que foi dedicado a Volpi. “Identificamos trabalhos que foram vendidos ou doados por Leonilson e esses foram rigorosamente submetidos a uma comissão formada por críticos, historiadores e pessoas que conviveram com ele para garantir a autenticidade das obras.”

Organizar um catálogo raisonné é sempre uma tarefa complexa. Sempre surge na última hora um trabalho do artista que ninguém conhece. “Além disso, a valorização de Leonilson no mercado, tanto nacional como internacional, desperta a cobiça”, observa Nicinha, confirmando o aumento de obras falsificadas no mercado. Hoje, só o Projeto Leonilson, sob a direção da sobrinha do artista, Gabriel Dias, pode emitir expertise sobre a obra do cearense, cujos preços evoluíram nos últimos tempos (de R$ 80 mil por um desenho a R$ 1 milhão por tela, em média).

Considerando que Leonilson fez sua primeira individual em 1981, foram 12 anos de trabalho ininterrupto, o que dá uma média de 300 obras por ano, uma por dia, entre desenhos, pinturas e bordados, além de cenários e figurinos – como o da peça A Farra da Terra, do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. Leonilson, que era próximo dos artistas da Geração 80, muitas vezes foi alinhado com os nomes que participaram da histórica exposição do Parque Lage em 1984. Mas ele correu por fora. Seu parentesco artístico é com Bispo do Rosário, especialmente por causa dos bordados e das referências autobiográficas na obra, além de Lygia Clark, Louise Bourgeois e Eva Hesse.

O vice-reitor de Extensão e Comunidade Universitária da Universidade de Fortaleza, Randal Martins Pompeu, observa que, a despeito de pertencer à Geração 80, “o diálogo que a obra de Leonilson tem com os jovens é extraordinário”, contando que sua exposição na Unifor, que tem o primeiro e o último trabalho do artista, foi uma das mais vistas da galeria universitária (mais de 58 mil pessoas já passaram pela mostra, em cartaz até 7 de julho e organizada pelo curador Ricardo Resende).

A mostra itinerante deve passar por São Paulo, Rio e Porto Alegre. Em setembro, revela Nicinha, o catálogo (bilíngue) será lançado no Americas Society de Nova York com uma exposição dos trabalhos de Leonilson.

LEONILSON
Catálogo do artista em três volumes com 3.400 obras; 1.100 págs.
Edição: Projeto Leonilson.
Preço: R$ 1.200.
Lançamento nesta sexta-feira, 30, 9h. Biblioteca da Unifor, Fortaleza.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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