A organização da Copa do Mundo do Catar anunciou neste domingo a morte de um operário que trabalhava nas obras de uma das arenas construídas para a competição de 2022. Esta é a primeira vez que o Comitê Supremo, responsável pelo Mundial, admite a fatalidade com um trabalhador nos estádios, apesar das acusações de que muitos outros já faleceram em serviço.
Não foram divulgados maiores detalhes, como a identidade e a nacionalidade da pessoa ou a causa da morte. A organização limitou-se a admitir que o incidente foi “vinculado ao trabalho” e aconteceu nas obras do Wakrah Stadium.
“É com profunda lamentação que anunciamos uma fatalidade vinculada ao trabalho em um dos nossos projetos. Depois de um incidente do Wakrah Stadium no sábado pela manhã, uma investigação completa está em andamento para determinar os fatores que contribuíram para a morte de um de nossos operários”, comentaram os organizadores em comunicado.
Antes deste fim de semana, ao menos três mortes já haviam sido confirmadas pelas autoridades do Catar nas obras de arenas para o Mundial. De acordo com o comitê, no entanto, estas “não foram vinculadas a trabalho”.
A organização do Mundial no Catar tem sido bastante criticada pelas condições de trabalho dos operários que trabalham nas obras dos estádios. Boa parte destes funcionários são imigrantes trazidos do sul da Ásia e estariam trabalhando em um sistema de escravidão, sem liberdade, quase sem remuneração e constantemente agredidos.
Os catarianos negam e garantem cumprir as leis trabalhistas do país, que também já foram criticadas por diversos grupos. Sobre a morte do último sábado, os organizadores afirmaram que estão investigando o ocorrido. “As autoridades foram informadas imediatamente e a família foi notificada. Nós oferecemos a eles todo o apoio necessário que eles possam precisar em um momento tão difícil.”
Apesar do que dizem os organizadores da Copa, diversos órgãos já denunciaram as condições de trabalho utilizadas pelo Catar. De acordo com relatórios da Anistia Internacional e da Confederação Internacional de Sindicatos, mais de mil mortes relacionadas ao Mundial já ocorreram no país, enquanto os operários seguem atuando em condições “degradantes” e “abusivas”.