O Ibovespa testou alta na manhã desta segunda-feira, em meio à melhora das bolsas norte-americanas e das commodities, mas ainda tem dificuldade em seguir nessa direção. Contudo, tenta defender o nível dos 109 mil pontos visto na abertura do pregão (109.282,60 pontos).
De todo modo, prevalece a cautela nos mercados, o que pode levar o índice Bovespa ao quinto pregão consecutivo de queda. Na sexta-feira, fechou em baixa de 0,61%, aos 109.280,37 pontos, perdendo 2,69% na semana, com investidores já preocupados com aumento de juros no mundo e os reflexos disso na economia global, sobretudo de uma recessão nos Estados Unidos.
A despeito da melhora vista nos mercados, Alison Correia, CEO da Top Gain, pondera que o quadro ainda é de cautela. "As apostas de que o Fed pode subir os juros não só em 0,75 ponto porcentual, mas em um ponto têm aumentado", diz. Em sua visão, até quarta-feira, dia da decisão de juros no Brasil e nos Estados Unidos, os mercados podem operar de forma lateralizada, com receio do que estará por vir.
"Na dúvida, deve sobressair o lado negativo até lá. O mercado pode ficar em banho Maria até quarta", estima Correia, da Top Gain.
Diante do comportamento arisco dos investidores no exterior e da cautela também por aqui, o economista Álvaro Bandeira alerta que se o índice Bovespa perder a faixa dos 109 mil pontos, pode atrair novas quedas, acionando o suporte dos 107 mil pontos. Na mínima até agora cedeu 0,71%, aos 108.507,76 pontos. Contudo, diminuiu as perdas, chegando a subir moderadamente (0,11%), na máxima aos 109.403,91 pontos.
Além da queda vista nas bolsas da Ásia, as da Europa e dos Estados Unidos caem, sugerindo novas perdas em Wall Street. As commodities cedem, com o petróleo recuando em torno de 1%, após ceder cerca de 3% mais cedo. Já o dólar diminui a alta, depois de subir 0,83%, na máxima intradia de R$ 5,3027. Por volta das 11 horas, tinha alta de 0,25%, a R$ 5,2718. Ações ligadas a commodities metálicas tentam avançar após a injeção de 12 bilhões de yuans em liquidez no mercado pelo banco central chinês.
"Apesar do anúncio de mais estímulos monetários na China, o clima no mercado global agora é de aversão a risco. A história continua sendo a mesma. Existe muita preocupação com juros altos internacionais e seus impactos sobre crescimento mundial", resume em comentário matinal o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.
Para tentar conter a inflação elevada, a maioria das estimativas de mercado acredita que o Fed subirá o juro em 0,75 ponto porcentual, mas também não faltam projeções – ainda que minoritárias – de aumento de um ponto.
Há ainda receio quanto ao comunicado da autoridade monetária dos EUA e em relação ao tom a ser dado pelo seu presidente Jerome Powell, na entrevista coletiva depois da decisão. Também fica no radar o anúncio das projeções do Fed para a economia americana, que já podem indicar recessão moderada no país no primeiro semestre de 2023.
No mesmo dia da decisão sobre juros nos Estados Unidos, o Banco Central (BC) brasileiro define a Selic, que deve ser mantida em 13,75% ao ano, conforme a maioria das expectativas na pesquisa Projeções Broadcast. Porém, ainda há (poucas) estimativas de aumento de 0,25 ponto porcentual.
"Esperamos que o BCB Banco Central do Brasil permaneça com a taxa Selic em 13,75% e encerre o ciclo de ajuste da política monetária", escreve em nota o BTG Pactual.
Às 11h14, o Ibovespa subia 0,07%, aos 109.360,21. Petrobras perdia 0,23% (PN) e ON recuava 0,15%. Vale voltava a cair (-0,01%), enquanto Gerdau PN subia 3%.