Economia

Cautela de famílias e rigor dos bancos limitam inadimplência, diz FecomercioSP

Um dos poucos dados positivos da economia brasileira atualmente é a taxa de inadimplência permanecer “comportada” em meio à deterioração de outros indicadores. Esta é a avaliação do assessor econômico da FecomercioSP Vitor França a respeito das informações da Nota de Crédito do Banco Central (BC), sobre política monetária e operações de crédito do sistema financeiro.

“O único bastião da macroeconomia que nos deixa confortável em termos de segurança de crédito é a inadimplência. É um dos únicos que têm resistido à crise”, resumiu. Segundo o especialista, este movimento é reflexo do fato de as famílias estarem mais cautelosas ao tomar empréstimos e os bancos, mais seletivos na concessão de crédito.

Considerando este cenário, França estima que a taxa de inadimplência seguirá em uma tendência de alta, mas dificilmente subirá rapidamente nos próximos meses. “Não vejo possibilidade de estouro da inadimplência. O avanço deve ser gradual”, projetou.

O assessor econômico da FecomercioSP destaca ainda que o detalhamento dos dados da autoridade monetária permite perceber que quem atrasa as contas tem conseguido quitar as dívidas em menos tempo. “A inadimplência para Pessoa Física entre 15 e 90 dias passou de 5,1% para 5,5% entre setembro de 2014 e 2015, mostrando uma tendência de alta. Já o atraso superior a 90 dias avançou bem menos, de 5,6% para 5,7%”, observou.

O especialista ressalta ainda que pesquisas da FecomercioSP dão conta que o avanço da inadimplência tem sido mais intenso nas famílias com renda mais baixa. O reflexo deste movimento é que elas têm recorrido a crédito mais caro para quitar as contas em atraso.

“Pelo dados do BC, o que cresce em termos de concessão para pessoa física são os empréstimos emergenciais, das linhas de rotativo do cartão de crédito e de cheque especial, que já têm um limite pré-aprovado”, observou. Ele destaca que a inadimplência das pessoas físicas no cartão de crédito passou de 7,2% para 8,0% entre setembro de 2014 e setembro de 2015.

O mesmo raciocínio, explica França, se aplica às empresas. “O tipo de concessão de crédito que sobe é a conta garantida. A empresa pega um recurso com crédito mais caro para garantir o fluxo de caixa”, disse, ressaltando ser o equivalente às linhas de crédito emergenciais para os consumidores.

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