A CBF afastou o árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima após avaliar que ele errou em não expulsar o zagueiro Zé Ivaldo, do Athletico-PR, por um pênalti cometido em Endrick, do Palmeiras, no domingo. Na edição desta segunda-feira do Papo de Arbitragem, programa da própria CBF que analisa decisões dos árbitros a cada rodada, o presidente da Comissão de Arbitragem da entidade, Wilson Seneme, avaliou como correta a marcação do pênalti, mas disse que o cartão amarelo aplicado a Zé Ivaldo foi um equívoco, pois o lance, uma cotovelada, caracteriza conduta violenta e pede expulsão.
"A regra é muito clara. Quando diz que não estando o cotovelo, o braço, associado junto a uma disputa de bola, indo de encontro ao adversário imediatamente, passa a ser possível interpretar como uma ação de conduta violenta. Em que caso não seria uma conduta violenta? Se não tivesse força suficiente. Mas ele põe o braço flexionado e faz o movimento contra a cabeça do atacante do Palmeiras. Para nós, deveria, sim, ter sido considerada a expulsão", disse o dirigente.
A decisão de dar amarelo foi tomada após revisão no VAR, mas Seneme considera que não haveria necessidade de utilizar o recurso caso Jean Pierre estivesse melhor posicionado. "A gente vê o Jean Pierre a uma distância muito longa da ação. Para ações profundas na área de meta, precisa de uma aproximação maior para ver os detalhes. Com uma distância tão grande, com um jogador na frente, que pode bloquear a visão, fica difícil analisar a jogada no tempo real. Por isso foi necessária a revisão."
Diante da situação, a Comissão de Arbitragem decidiu afastar Jean Pierre. "Vamos conversar com o Jean, ele vai entrar para o programa de assistência ao desempenho da arbitragem, um período de análise, para poder, enfim, trabalhar os conceitos do que é uma ação de conduta violenta", afirmou Seneme.
A não aplicação do vermelho causou muita irritação no Palmeiras. O auxiliar João Martins, que substituía Abel Ferreira, suspenso, fez insinuações e disse que o Campeonato Brasileiro só é considerado competitivo porque o "sistema" não deixa os melhores times se tornarem dominantes como ocorre na Europa. O auxiliar ainda criticou o comportamento de jogadores brasileiros, que, em sua opinião, faz o futebol nacional parecer um "teatro".
Após as declarações, a CBF divulgou uma nota acusando Martins de xenofobia e disse que iria acionar o SJTD para que ele "revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença". O Palmeiras respondeu com um comunicado, no qual classifica a postura da entidade como "agressiva", questiona a xenofobia citada pela confederação e aponta uma série de erros contra o time ao longo do Campeonato Brasileiro deste ano e das últimas temporadas.