O futebol não vai parar no Brasil por causa da pandemia. Este foi o anúncio feito, nesta quarta-feira, após reunião virtual, com a participação dos 40 clubes das Séries A e B e das federações estaduais, que representaram as equipes das Séries C e D.
Em relação aos campeonatos organizados pela CBF, caso haja restrição de poderes públicos locais, por conta do quadro da pandemia, a alternativa será a transferência da referida partida para outra cidade do mesmo ou de outro estado.
"Temos um trabalho incansável e de alto nível técnico, que se traduz num protocolo sanitário e processo de testagem permanente, que oferecem ambiente seguro e controlado aos jogadores e comissões técnicas. A temporada de 2020 demonstrou a robustez desse trabalho e gerou aprendizados que nos tornam hoje ainda mais preparados. O futebol brasileiro não vai parar", afirmou Rogério Caboclo, presidente da CBF.
As entidades e os clubes tomaram esta decisão com base em dados científicos de 2020 apresentados pela comissão médica especial. Os pontos são os seguintes:
1 – a disputa das competições de futebol estaduais e nacionais, sem a presença dos torcedores nos estádios, ocorre em um ambiente seguro e controlado, continuamente monitorado por meio de testes e inquéritos epidemiológicos;
2 – esse controle está regulamentado em protocolos de segurança desenvolvidos pelos médicos do futebol, infectologistas e epidemiologistas, aprovados pelas autoridades de saúde, e aplicados nas competições estaduais e nacionais;
3 – com relação às competições nacionais, a CBF aplicou até este momento quase 90 mil testes, com taxa de positividade de apenas 2,2%, e analisou mais de 110 mil inquéritos epidemiológicos para garantir a segurança e a saúde dos profissionais que atuam no futebol, em especial jogadores, comissões técnicas e árbitros. Há rígidos protocolos que orientam as melhores práticas em relação às viagens, hospedagens, refeições, treinamentos, entre outros;
4 – estudos científicos elaborados por médicos especialistas atestam que não houve contágio entre os jogadores durante as partidas, resultados comprovados a partir do monitoramento de jogos das quatro séries do Campeonato Brasileiro, mediante a aplicação de técnicas como sequenciamento genético do vírus, constituindo-se no maior estudo feito no mundo sobre pandemia e futebol. Foram 21 competições, 367 equipes, 2.423 jogos e 218 mil minutos de futebol contabilizados pela Comissão Médica em seu trabalho científico;
5 – do ponto de vista econômico, a realização dos jogos e competições representa a quase totalidade dos recursos obtidos pelos clubes e, consequentemente, da manutenção dos empregos por eles gerados, especialmente aos profissionais que recebem as menores remunerações. Importante lembrar que dos 11.300 contratos profissionais ativos registrados na CBF, 80% deles apresentam valores inferiores a cinco salários mínimos mensais. Recente levantamento efetuado pela Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF), reportado à CBF por seus dirigentes, apurou que cerca de 90% dos atletas sentem-se seguros e apoiam a continuidade das competições.
6 – do ponto de vista do auxílio no enfrentamento à pandemia, além dos dados científicos colocados à disposição das autoridades sanitárias, o futebol transmitido ao vivo em diversas plataformas oferece ao público uma opção de entretenimento em casa, auxiliando o poder público em suas campanhas para evitar aglomerações.
Desta forma, CBF, federações e clubes apontam existir todas as condições para a continuidade das competições com segurança e responsabilidade. "A exemplo do que é verificado nos principais países do mundo e nos mais diversos esportes, não havendo registro, entre as ligas mais importantes, de nenhuma paralisação durante a segunda onda da pandemia nos seus respectivos países", afirmou o comunicado da entidade que dirige o futebol nacional em suas redes sociais.