A CBF está tentando se reaproximar da Fifa, mas esbarra na permanência de seu próprio presidente, Marco Polo Del Nero, suspeito de corrupção pelo FBI e pela própria entidade, como maior entrave para estreitar as relações.
O secretário-geral da entidade, Walter Feldman, confirmou um encontro realizado na semana passada com a senegalesa Fatma Diouf Samoura, que ocupa o mesmo cargo que ele na Fifa, em Zurique, na Suíça. De acordo com o dirigente, a reunião foi apenas protocolar. “Desde que a secretaria Fatma assumiu, nós combinamos um encontro para conhecimento mútuo”, disse Feldman ao Estado.
Fontes ligadas à Fifa, no entanto, garantem que o encontro foi mais uma tentativa feita pela CBF para liberar US$ 100 milhões (cerca de R$ 326 milhões) que pertencem ao fundo de legado da Copa do Mundo. Mais uma vez ouviu um “não” com a mesma justificativa de reuniões anteriores: a verba não será liberada enquanto Del Nero continuar na presidência da entidade.
Nos Estados Unidos, ele é acusado de conspiração, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica pelo suposto recebimento de propinas em contratos da CBF relacionados à Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Poderá ser preso se pisar em solo americano ou outro qualquer país que tenha acordo de extradição com os americanos. Por isso, não sai do País há quase dois anos.
Já o Comitê de Ética da Fifa investiga o brasileiro por corrupção desde novembro de 2015. Feldman não confirma o pedido de liberação dos US$ 100 milhões e desconversa quanto à imposição da Fifa. “Tudo foi perfeito. Vamos encerrar o ano neste clima”, afirmou.
No Brasil, a CPI do Futebol investigou o presidente da CBF por corrupção e má gestão de entidade privada. O relatório oficial do senador Romero Jucá (PMDB-RR) não pediu o indiciamento do dirigente. O relatório “alternativo”, dos senadores Romário (PSB-RJ) e Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), apontou que Del Nero cometeu seis crimes. A documentação foi enviada ao Ministério Púbico, à Receita Federal, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras e ao Banco Central.
O valor de US$ 100 milhões seria destinado à construção de CTs em cidades que não receberam jogos da Copa do Mundo. Além disso, deveriam ajudar no desenvolvimento do futebol feminino, das categorias de futebol de base e até de projetos sociais. Após as denúncias nos últimos dois anos, a Fifa teme que os recursos não sejam utilizados corretamente.