O Banco do Brasil admite retomar o pagamento do patrocínio à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), suspenso desde o início de dezembro. A assessoria de imprensa da instituição financeira confirma o recebimento de comunicado da CBV, que se compromete a implementar todas as recomendações apontadas pela Controladoria-Geral da União e outras medidas solicitadas pelo próprio banco para evitar novas irregularidades.
O BB salienta que todas as ações acordadas e seus prazos de implantação deverão constar de aditivo contratual, atualmente em elaboração pelos serviços jurídicos das duas partes, e que o fluxo de pagamentos só será retomado após a assinatura do documento.
A CGU analisou as contas da CBV de 2010 a 2013 e detectou irregularidades em 13 contratos, que somam R$ 30 milhões. Segundo a CGU, empresas contratadas pertenciam a parentes de dirigentes e ex-funcionários da CBV.
Entre as recomendações da CGU encaminhadas ao patrocinador, consta uma norma de compras e contratações “pautadas por princípios éticos, como a ausência de vínculos de parentesco até o terceiro grau com funcionário ou dirigente da CBV em contratos entre fornecedores e confederação”.
Integrantes da direção da CBV estiveram nesta quarta-feira em Brasília. Segundo a assessoria da CBV, foi uma “visita de cortesia ao Banco do Brasil para ratificar o compromisso assumido através de ofício. As duas instituições caminham para o mesmo rumo, o da retomada do patrocínio, e a visita serviu para demonstrar ao BB que a atua gestão da CBV está atuando para implementar todas as sugestões apontadas pela CGU”. A CBV só se manifestará oficialmente sobre o patrocínio quando “o assunto for selado”.
Em entrevista concedida no mês passado, o superintendente da CBV, Neuri Barbieri, disse que “90% das medidas sugeridas pela CGU” já haviam sido adotadas. “Falta apenas colocarmos uma pessoa para acompanhar todos os processos internos (auditoria) e colocarmos representantes dos técnicos e atletas no Conselho Fiscal e na Assembleia Geral”, declarou à época.
O comunicado da CBV ao BB foi enviado no dia 18 do mês passado. A Confederação se compromete a implementar as medidas no prazo de 90 dias. “O cumprimento integral das ações demonstra que a nova gestão se compromete com uma governança responsável e transparente. Auditoria externa, regulamento de contratações, vetos de empresas suspeitas, criação de comitê de apoio e, o principal, reaver judicialmente os valores de contratos apontados pela CGU como irregulares”, disse o documento.
RETALIAÇÃO – O patrocínio do BB à CBV, firmado em 1991, tem valor anual de R$ 70 milhões e expira apenas em 2017. O compromisso de reaver os valores desviados e as críticas da atual gestão, presidida por Walter Pitombo Laranjeiras, irritaram o ex-presidente da CBV, Ary Graça, que atualmente comanda a Federação Internacional de Vôlei.
Após o anúncio da suspensão do pagamento do patrocínio pelo BB, a FIVB divulgou a punição a jogadores da seleção brasileira e o técnico Bernardinho por atos de indisciplina praticados no Mundial da Polônia, em setembro. Como retaliação, a CBV anunciou que desistira de organizar a Fase Final da Liga Mundial de 2015, agendada para julho.
A FIVB respondeu que a CBV estará sujeita às penas previstas em seu código disciplinar, que incluem suspensão por um ano de jogos internacionais e aplicação de multas pesadas. A decisão da atual gestão, de abrir mão de sediar a Fase Final da Liga Mundial, foi apoiada por Bernardinho.