Variedades

Ceará: “Tem muita gente forçando para ser engraçada”

Humorista do "Pânico" fala sobre sua carreira e diz que não gosta da "febre" do stand-up comedy

 

O humorista Ceará, do Pânico na TV, não curte o stand up, tipo de humor que virou "febre" no Brasil, e revelou que sonha em ser igual a Silvio Santos, com programa de auditório, e tudo mais.

Não dá para conversar com o humorista Ceará, do Pânico na TV, sem dar gargalhadas. Mesmo quando ele fala sério. Quando o assunto é stand up, a febre do momento, foi enfático: "Nunca fiz, não me vejo fazendo e nunca tive vontade de fazê-lo", admitindo que, atualmente, no mercado, "tem muita gente forçando para ser engraçada".

A Revista Free São Paulo foi recebida na porta de sua casa por seu companheiro inseparável, Bartolomeu, um cão da raça Australian shepherd. Ceará diz que acorda bem humorado todos os dias. "Uma coisa que me deixa mal humorado é ficar oito horas gravando sem comer", avisou.

Ele levou à mesa, durante a entrevista, no Brooklin, Pelé, Ronaldo Fenômeno, Derci Gonçalves, Clodovil e, claro, Sílvio Santos, personagens que faz com maestria na tevê. Respondeu as perguntas com as vozes características de cada um deles, revelando detalhes de sua vida antes da fama.

Ceará nasceu Francisco Wellington de Moura Muniz em 23 de fevereiro de 1973, em Fortaleza. Antes de trabalhar em rádio, o grande sonho de sua vida, foi operador de máquina de xerox e vendedor de livros nas ruas. Como humorista, trabalhou em troca de uma pizza grande e uma garrafa de dois litros de refrigerante, até vir para São Paulo, onde chegou em 1997.

Filho de um policial militar e de uma dona de casa, Ceará é o irmão mais velho de outros quatro. Anos antes de conhecer o livro The Secret (O Segredo), já seguia seus ensinamentos, ou seja, "tudo aquilo que a gente quer, a gente consegue".

Ceará – cujo contrato com a Rede TV vence em um ano e meio – revelou outros dois grandes sonhos: um deles é fazer cinema. Em 2005, recebeu convite do diretor Alain Fresnot para atuar no filme Família Vende Tudo, mas o recém-projeto do Pânico na TV o impediu de estrear no cinema. O outro sonho, só lendo a entrevista a seguir, onde ele falou sobre Rafinha Bastos, o CQC, e os políticos.

Na sua vida existe um cara chamado Paulo Jalaka. O que ele significa?

CEARÁ – Ele significa muito, é o início de minha vida em São Paulo. Cheguei por aqui em 1997, um ano depois – inspirado em alguns locutores de Fortaleza – criei este personagem. Paulo Jalaska era mais uma sátira com os locutores que têm uma voz normal e quando ligam o microfone mudam a voz, e eu tirei sarro disso. Fiquei 10 anos na Jovem Pan com este personagem.

O Jalaska é o início de tudo?

CEARÁ – Não, o início de tudo foi em Fortaleza. Comecei em 1989, queria muito trabalhar em rádio, fazer humor para o rádio. Queria ser rádio-ator. Então fui fazer testes. Antes estudava tornearia mecânica, no Senai. Mas decidi que queria ser artista. E as coisas deram certo. Naquele ano fiz testes em rádio – fui reprovado no primeiro, no segundo, no terceiro, e me perguntei: "caraca, o que vou fazer"?

Como e quando deu certo?

CEARÁ – Bem, fui à Rádio Verdes Mares, que recebe sinal da Globo, onde havia um programa muito famoso, o Nas Garras da Patrulha, que Tom Cavalcante começou a fazer na década de 1980. E lá tinha um rapaz, o Iran Delmar, que me ajudou muito e acabei trabalhando com ele fazendo escada – Iran era humorista e eu era o cara que tava começando. Passei dois anos com ele. Por outro lado, eu fazia barzinhos, restaurantes, pizzarias, velórios, fazia de tudo. Resolvi fazer humor de cara limpa e deixei o Iran para montar um show sozinho. Fiquei de 1991 a 1994.

Quantas pessoas assistiram ao seu primeiro show? Foi sucesso de bilheteria?

CEARÁ – A estreia do meu primeiro show sozinho foi numa sexta-feira, 13, o ano era 1991. Não tenho superstição com o número, mas no dia o microfone falhou, choveu muito e a casa estava cheia de mesas e cadeiras vazias. Eu imitava Caetano Veloso, Fagner, fazia paródias, imitava políticos, personalidades da TV, fazia piadas do tipo Ari Toledo; era uma hora e 15 de show. Eu curtia muito.

E o cachê?

CEARÁ – Cara, lembro-me disso com orgulho. Quando não dava público, os donos da casa me davam uma pizza grande e um refrigerante de dois litros. Era um barato. Isso foi o início de tudo.

A paixão começou no rádio, mas hoje a televisão o contagiou, ou não?

CEARÁ – Sim, contagiou muito. Eu já tinha feito algumas coisas em televisão, lá em Fortaleza, mas coisas pequenas. O que sou hoje agradeço muito a São Paulo, porque quando cheguei a Rádio Jovem Pan me projetou, depois fui para a Rede TV. Mas ainda há muita lenha pra queimar, tem muita coisa que eu quero fazer na minha vida.

Algum projeto futuro?

CEARÁ – Eu gosto muito de fazer humor, de apresentar, sair às ruas para estar perto das pessoas; gosto de gente. Tenho vontade de apresentar um programa de auditório. Sou fã do Sílvio Santos, ele é meu ídolo; apresenta seu programa há cinco décadas e ,vez por outra, nos surpreende. Ele é um cara que me inspira. Quero ser igual a ele.

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