Economia

Cenário econômico e limitação de produtos fazem investidores “desbancarizarem” rendimentos

Coronavírus, baixa na taxa Selic e valorização cambial ressaltam falta de opções dos grandes bancos aos investidores

O crescente surto de coronavírus assusta os mercados mundo afora. E mesmo sem saber ao certo o tamanho do impacto da epidemia na economia mundial, é perceptível que o pânico generalizado se tornou mais um fator que ajuda a criar um cenário no qual pessoas físicas ou jurídicas necessitam de mais orientação sobre suas opções de investimento.

Aqui no Brasil, a recente queda na taxa básica de juros, a Selic, e a estabilidade da inflação levam o ganho real dos investimentos a taxas de juros negativas. “Além disso, tem o dólar valorizado. Em um cenário desse, não basta o investidor deixar o dinheiro aplicado em um banco e esperar passivamente o rendimento que pode não aparecer”, explica a diretora comercial da empresa de assessoria de investimentos Flap Capital, Daniella Rolim, CFP®.

Segundo a especialista, as mudanças de cenário econômico no Brasil e no exterior fazem com que os investidores tenham a necessidade cada vez maior de assessoramento personalizado, de acordo com cada perfil, e não apenas focado na rentabilidade. “O investidor precisa ter acesso a outros mercados, a opções de diversificação. Entender o mercado internacional, a parte tributária. Isso vai além de apenas escolher aonde aplicar o dinheiro”, aponta. “Em um banco o investidor fica limitado ao produto que ele tem na prateleira. Mas a tendência, hoje, é a de ‘debancarizarização’ dos investimentos. Os investidores têm buscado mais do que as aplicações bancárias oferecem”.

Limitação profissional

O crescimento da desbancarização de investimentos pega não apenas quem aplica os recursos. Agora, os próprios profissionais bancários percebem que eles estão limitados atuando em grandes instituições e que podem oferecer mais para seus clientes em outras empresas.

É o caso de Thais Silva e Marcos Machado, ex-gerentes de Pessoa Jurídica de um dos maiores bancos do País. “As gerações atuais buscam mais conhecimento e procuram se organizar financeiramente muito mais do que seus pais e avós. Hoje em dia os investidores buscam algo mais do que apenas escolher o lugar que vai render mais. Eles querem saber sobre prazos, diversificação, buscam gestão patrimonial etc. Em um banco, isso não é possível”, diz Thais, financial advisor da Flap Capital.

“O banco não dá tal suporte ao cliente. Em uma corretora é possível oferecer algo mais completo, e não apenas rentabilidade”, completa Marcos. “Os investidores precisavam de um guia financeiro. Além do foco no cliente é preciso foco do cliente. Entender exatamente o que ele precisa antes de investir”, conclui Thais.

O diretor de operações da Flap Capital, Eduardo Cesar, concorda. “Nosso maior ativo é o cliente. Nós só teremos sucesso se ele tiver antes. No banco, o cliente acaba adquirindo produtos que talvez ele nem precise. A métrica lá é a do atingimento de metas e, por isso, a instituição oferece seus produtos de prateleira sem se preocupar primeiro com a necessidade real do investidor”, explica. “O mercado, no entanto, é muito maior. Oferece mais possibilidades, inclusive fora do País. Nós precisamos entregar algo personalizado. Aquilo que atende primeiro a necessidade do cliente, e não da corretora”.

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