O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou que o cenário internacional oferece hoje um “um interregno benigno de liquidez ampla e alguma recuperação do crescimento que beneficia”, no curto prazo, as economias emergentes.
“Acreditamos que devemos ter cautela e não tomarmos a atual situação como necessariamente permanente, pois há riscos à frente que podem ameaçar, de um lado o atual crescimento modesto, e, de outro, a disponibilidade da liquidez global”, disse Goldfajn.
Comunicação
Ilan Goldfajn destacou que o BC dá “grande atenção à comunicação institucional e ao gerenciamento das expectativas. “Isso é fundamental e um trabalho contínuo”, salientou.
Para ele, a comunicação do BC “tem deixado clara a importância das expectativas de mercado” e as projeções da autoridade “para a administração desse regime”.
Goldfajn ressaltou ainda que é olhando para o futuro que a política monetária é balizada. “Mas não se deve tomar essas variáveis como únicas para as decisões de política monetária. Há diversos fatores que afetam a perspectiva para a inflação, vários deles apontados no balanço de riscos na última ata do Copom”, salientou Goldfajn.
“O Copom toma suas decisões baseado em um amplo conjunto de informações e de modelos proprietários, que culmina na avaliação subjetiva e discricionária de seus membros, a cada reunião”, disse o presidente do BC. “Não há um modelo ou variável que determine isolada e automaticamente as decisões de política monetária.”
O presidente do BC ressaltou que o controle da inflação ajudará na redução do risco país, na recuperação da confiança dos agentes econômicas e na retomada do crescimento. “Nesse sentido, reafirmo aqui o nosso compromisso com as metas de inflação em todo o horizonte relevante para a política monetária, em particular o processo de convergência para a meta de 4,5% em 2017”, comentou.
Liquidez
Ilan Goldfajn afirmou também que a instituição tem acompanhado de perto as inovações tecnológicas recentes, até mesmo para preservar a liquidez do sistema financeiro. “Para preservar essa solidez e ampliar a sua eficiência, estamos também acompanhando de perto as inovações tecnológicas que vêm se incorporando a esse sistema com grande rapidez”, disse.
Segundo ele, o BC avalia pro-ativamente as repercussões das inovações tecnológicas na forma de fazer negócios. Às vezes é difícil mensurar esses impactos, por isso o BC adota uma abordagem de estudar essas mudanças tecnológicas, “procurando não inibir a evolução com requisitos regulatórios precoces, mas entendendo e mapeando riscos potenciais”.
O presidente também disse que o BC tem dado especial atenção à questão da inclusão financeira. Segundo ele, hoje a capilaridade do sistema financeiro é mais ampla, com um acesso quase universal, mas ainda há muito espaço para evolução. Ilan também apontou que o BC se envolveu diretamente nos últimos ano no desenvolvimento da indústria de pagamentos, supervisionando e estimulando uma maior competição.
Ilan Goldfajn participou na manhã desta sexta-feira, 12, da abertura do XI Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, realizado pelo BC em São Paulo.