A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reforçou que a autoridade monetária não prevê uma recessão na zona do euro este ano ou no próximo em seu cenário-base, apesar da persistência da guerra na Ucrânia e o aperto nas condições para conter a inflação.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira após decisão de subir juros em 50 pontos-base, Lagarde ponderou que a atividade econômica está desacelerando, diante do conflito. Segundo ela, o BCE seguirá atento aos desdobramentos sobre o fornecimento de energia russa à Europa.
A dirigente acrescentou que o BCE prefere não usar o Instrumento de Proteção de Transmissão (TPI, na sigla em inglês), mas que não hesitará em mobilizá-lo caso necessário. O programa foi criado para conter as disparidades no custo de empréstimos entre os países do bloco da moeda comum.
Lagarde admitiu que, no momento, não sabe qual é o nível da taxa neutra de juros, ou seja, aquela que não estimula nem comprime a economia.
<b> Forward guidance </b>
Christine Lagarde também afirmou que o "forward guidance" estabelecido anteriormente para a reunião de setembro não é mais válido e que a decisão dependerá dos próximos indicadores macroeconômicos.
Dirigentes do BCE vinham sinalizado que a autoridade monetária subiria juros em 25 pontos-base no encontro de hoje e, depois, poderia intensificar o ritmo de aperto. No entanto, a instituição optou por um ajuste mais agressivo, de 50 pontos-base, já agora, diante da escalada da inflação na zona do euro.
Na coletiva de imprensa, Lagarde ressaltou que os riscos às perspectivas inflacionárias apontam para cima, especialmente no curto prazo. Para ela, medidas fiscais temporárias e focalizadas devem apoiar o consumo diante de altos preços de energia.