Na última quinta-feira (21) cerca de 20 pessoas participaram da roda de conversa com o tema “A violência de raça e gênero no livro Quarto de Despejo”, da escritora Carolina Maria de Jesus, no Centro de Referência da Igualdade Racial do Pimentas. O público leu trechos da obra, compartilhou suas impressões e foram sorteados aos participantes dois exemplares, entre os 30 livros doados à Subsecretaria de Igualdade Racial (SIR) pela Saber Educação, integrante do grupo formado pelas editoras Saraiva, Ática e Scipione.
A atividade da SIR, integrante da Secretaria de Direitos Humanos, foi conduzida pela socióloga Silvana José Benevenuto. “É uma ação de se fazer reconhecer a multiplicidade de vozes e olhares inclusive na literatura, arte que no nosso país ainda é relegada a um meio bastante elitizado, e também de servir de inspiração à população que muitas vezes não encontra meios de fazer ouvir a sua própria voz”, explicou a profissional.
Carolina Maria de Jesus, segundo a socióloga, é uma figura instigante e que fascina por ser, nos anos 1960, mulher negra, mãe solo de três filhos, moradora da favela Canindé e catadora de lixo. “Ela desafiou o sistema social e o estigma que lhe era imposto ao tomar a literatura como meio de denunciar a realidade do país e a que vivia, fazendo-se visível”, explicou Silvana.
A obra traz a reflexão do leitor sobre a sua realidade e o provoca a buscar transformações em sua vida, de acordo com o representante e consultor comercial do grupo editorial Saber Educação, Éricles Freitas, presente ao encontro.
Carolina de Jesus
A escritora mineira Carolina Maria de Jesus nasceu em 1917 e faleceu em São Paulo aos 60 anos. Migrou para a capital paulista no fim dos anos 1930 e viveu na favela do Canindé, onde nasceram os três filhos. Ela encontrou na coleta de recicláveis seu sustento e, apesar de ter apenas dois anos de estudo formal, teve despertado seu gosto pela escrita e pela literatura, tornando-se internacionalmente conhecida em 1960 com a publicação de Quarto de Despejo, que retrata o cotidiano na favela. É autora de Casa de Alvenaria (1961), Pedaços da Fome (1963) e de obras póstumas como Diário de Bitita (1977).