Hospitais públicos e privados do Sul do País, especialmente em Santa Catarina e no Paraná, estão adiando cirurgias eletivas – que não têm caráter de urgência -, a fim de liberar leitos e esforços para atendimento dos casos de covid. Em São Paulo, as cirurgias continuam a ser realizadas, mas os hospitais estão em "situação de alerta" com o avanço da pandemia.
Em Curitiba, a secretária de Saúde, Márcia Huçulak, solicitou que as cirurgias eletivas fossem suspensas a partir de ontem, em hospitais públicos e privados que atendem pelo SUS. A suspensão é temporária, mas não há uma data para retomada dos procedimentos. "É possível que tenhamos um aumento de internações na próxima semana. A medida é de precaução para destinarmos um pouco mais de leitos e ninguém ficar sem assistência", disse a secretária.
Cirurgias eletivas são aquelas marcadas com antecedência, não urgentes. Adiar uma cirurgia significa destinar leitos e cuidados hospitalares para as emergências impostas pelo novo coronavírus.
De acordo com o governo do Paraná, três hospitais de Curitiba estão com 100% de ocupação nos leitos de UTIs exclusivos para pacientes com coronavírus. Ontem, Curitiba relatou mais de 1.500 novos casos da covid-19 e ultrapassou a marca de 60 mil casos. "Semana passada, saímos do patamar de 300 a 400 casos por dia e pulamos para 700", disse a secretária.
Hospitais de Santa Catarina também estão adiando cirurgias. As cidades de Florianópolis, Balneário Camboriú e Itajaí já adotaram a medida. A próxima deve ser Criciúma, que também registra aumento significativo do número de internações. O secretário de Saúde, Acélio Casagrande, explica que o número de pacientes internados com covid saltou de 21 para 107 nos dois hospitais da cidade. O recorde, de 128 internações, aconteceu entre abril e maio.
Dos 30 leitos reservados no Hospital Florianópolis, referência para covid, apenas quatro estavam ontem disponíveis. O Hospital Celso Ramos está com lotação de 95% na UTI.
<b>Adiamentos</b>
Uma portaria de 11 de novembro, da Secretaria de Saúde, autoriza o adiamento das cirurgias, quando atingida a ocupação de 80% dos leitos de UTI, explica Ramon Tartari, superintendente de Serviços Especializados da secretaria.
No Rio Grande do Sul, a pressão ainda não é tão grande. O epidemiologista Natan Katz, secretário de Saúde adjunto, revela que a cidade tem entre 200 e 240 pacientes internados nos 11 hospitais. O Hospital Moinhos de Vento, um dos mais importantes da cidade, chegou a restringir o atendimento de novos pacientes com a covid-19 por 48 horas no fim de outubro, por causa da lotação da unidade de internação, da emergência e do CTI Covid.
"Infelizmente, estamos em um momento de retomada dos casos. Se tivermos uma recrudescência da pandemia, seguramente isso vai acontecer e teremos de adiar as eletivas", diz o epidemiologista e professor da UFRGS.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>