Por pressão dos investidores, o CEO da mineradora anglo-australiana Rio Tinto, Jean-Sébastien Jacques, pediu demissão, assim como outros dois executivos da mineradora. A decisão se deu após uma forte reação contra a destruição de um sítio aborígine de 46 mil anos no oeste da Austrália para acessar um depósito de minério. Esta é mais uma ação em que investidores deixam claro para os comandantes de companhias que é preciso administrá-las com o foco para além do lucro. Recentemente, um grupo de investidores institucionais europeus também pressionou o governo brasileiro para que dê mais atenção às questões ambientais do País, ameaçando retirar recursos aplicados no mercado doméstico se ações não forem tomadas.
Assim como as questões relacionadas à Amazônia no Brasil, a notícia da Rio Tinto foi divulgada por vários veículos de comunicação internacionais. Jacques deixará seu cargo assim que seu sucessor for nomeado – no máximo, em 31 de março do ano que vem. Também estão em retirada o diretor de minério de ferro da companhia, Chris Salisbury, e a líder de assuntos corporativos, Simone Niven, que tinha responsabilidade pelos assuntos indígenas. Salisbury deixará o cargo imediatamente e se desligará da companhia em 31 de dezembro. Interinamente, ficará em seu lugar o diretor-gerente de ferrovias, portos e serviços essenciais, Ivan Vella. Simone estará fora do grupo no final do ano e suas funções ficarão com o executivo da Rio Mark Davies, responsável pela área de desempenho social.
Como lembrou o jornal britânico <i>Financial Times</i>, a Rio Tinto tem se esforçado para conter os danos à sua reputação depois de destruir dois sítios sagrados aborígines em maio no desfiladeiro Juukan na região de Pilbara, para expandir uma mina de minério de ferro. Sua principal operação de minério de ferro, que gera mais de 90% dos lucros da empresa, está localizada na área.
"O que aconteceu em Juukan foi errado e estamos determinados a garantir que a destruição de um patrimônio de tão excepcional importância arqueológica e cultural nunca mais ocorra em uma operação da Rio Tinto", disse o presidente da companhia, Simon Thompson. "Também estamos determinados a reconquistar a confiança do povo Puutu Kunti Kurrama e Pinikura e de outros proprietários tradicionais."
A empresa tinha recebido permissão legal para demolir o local em 2013, mas foi fortemente criticada por não mudar de planos quando a importância arqueológica dos locais ficou clara. Alguns especialistas chegaram a comparar a destruição do sítio ao vandalismo cultural praticado pelo Taleban. Inicialmente, a empresa alegou se tratar de um mal-entendido e que não tinha ideia da relevância do patrimônio antes de explodi-lo. Fundos de pensão australianos e investidores britânicos foram os que mais criticaram as ações da empresa.