O secretário de Energia do Estado de São Paulo, João Carlos Meirelles, admitiu nesta segunda-feira, 19, que a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) negocia com grupo estrangeiro, além de “outros nacionais”, uma parceria para participar do leilão de outorga pela concessão de hidrelétricas, no próximo dia 6 de novembro. Segundo ele, a Cesp tem interesse em participar do certame para manter a concessão das usinas paulistas de Jupiá e Ilha Solteira, e ainda da usina de Três Marias, no Rio São Francisco, em Minas Gerais, operada pela Cemig e considerada “emblemática” pelo secretário.
“Nós temos já um parceiro internacional e não podemos revelar, porque essas coisas são sigilosas e há ainda outros nacionais interessados. Mas o prazo é muito curto e preocupação com a situação econômica e financeira do País é muito grande”, disse Meirelles antes de participar de um evento na Associação de Engenheira, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (Aeaarp). Diante das dificuldades econômicas do País, o parceiro da Cesp teria de assumir, segundo Meirelles, 100% do aporte nas usinas caso vençam o leilão.
Só as duas usinas paulistas estão avaliadas em R$ 13,8 bilhões dos R$ 17 bilhões que o governo pretende arrecadar com as novas outorgas, sendo que 60% devem ser pagos em 14 de dezembro e o restante seis meses depois. “Se houver parceiros, que entrem com 100% de aporte financeiro e a Cesp dará como garantia a compra da participação em usinas em até 30 anos”, explicou o secretário, sem revelar a fatia que a empresa controlada pelo governo paulista estaria disposta a assumir.
Meirelles criticou a pressa do governo federal em fazer o leilão das usinas ainda este ano e afirmou que a operação será apenas para arrecadar recursos, sem adicionar energia nova no sistema. “O grande problema é que o governo federal quer fazer arrecadação e está vendendo usinas que estão funcionando e sem acrescentar nenhum megawatt de potência”, completou.
O secretário avaliou, ainda, que uma das saídas para suprir a demanda elétrica é ampliar a produção de energia limpa a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. Ele lembra que somente um grupo de 25 usinas sucroenergéticas na região de Ribeirão Preto já fornece 750 MW médios ao sistema, cuja ampliação da oferta deve elevar o total para 1 mil MW médios até 2017. “É preciso ampliar ainda mais essa oferta (nas térmicas de biomassa) por meio de caldeiras mais adequadas e turbinas mais modernas”, concluiu.