O cessar-fogo entre Israel e o Hamas, uma breve interrupção em um mês de guerra em Gaza, chegou ao segundo dia nesta quarta-feira, enquanto no Cairo são realizados preparativos para negociações para uma trégua mais longa e um acordo mais amplo para o território costeiro.
Nos próximos dias, mediadores egípcios vão se revezar em negociações com delegações dos dois lados para se chegar a um acordo. A delegação palestina é composta de negociadores de todas as facções importantes, o que inclui o Hamas, o grupo militante que controla Gaza. Os nomes que fazem parte do grupo de representantes de Israel não foram divulgados.
Alguns detalhes a respeito dos pontos levantados pelo Hamas já são conhecidos, como a criação de um fundo internacional para a reconstrução de Gaza, que seria supervisionado pelo governo de unidade liderado pelo presidente palestino Mahmoud Abbas.
A Noruega organiza uma conferência de doadores e o enviado internacional para o Oriente Médico, Tony Blair, que também está envolvido na realização da conferência, estava no Cairo e deveria se reunir com o ministro de Relações Exteriores do Egito e autoridades da Liga Árabe nesta quarta-feira.
Medidas de segurança e o acesso à Faixa de Gaza devem ser questões centrais nas negociações entre Israel e o Hamas. Os dois lados já apresentaram suas exigências antes das negociações, que também serão por diplomatas norte-americanos.
Israel quer garantias de que o Hamas não terá meios para refazer seus arsenais de foguetes e sua capacidade militar, enquanto o Hamas quer o levantamento do bloqueio israelense a Gaza.
No centro dessas deliberações – segundo diplomatas norte-americanos, israelenses e árabes – está a pressão para colocar a Autoridade Palestina, liderada por Abbas, e o Egito no centro dos esforços para desarmar o Hamas e abrir Gaza para o desenvolvimento econômico.
Esses diplomatas disseram que a Autoridade Palestina pode receber a função de gerenciar as passagens de fronteira tanto com o Egito quanto com Israel, o que será necessário para suavizar o fluxo de ajuda humanitária.
Encerrar o bloqueio de sete anos ao território costeiro é uma das exigências centrais do Hamas para um acordo, mas não estava claro se o Hamas resistirá à pressão de dar a Abbas uma participação maior em Gaza.
O cessar-fogo é a mais longa trégua na guerra que já deixou cerca de 1.900 palestinos mortos. Israel perdeu 67 cidadãos, dentre eles três civis.
Em Gaza, as pessoas aproveitaram a calma para voltar para sua casas e verificar os danos. Carros e carroças com diversos produtos e colchões enchiam as ruas e filas se formavam em bancos, enquanto as pessoas esperavam para retirar dinheiro de caixas eletrônicos.
Equipes de empresas de serviços públicos trabalhavam rapidamente para reparar linhas telefônicas e de eletricidade, embora os danos a única usina de energia de Gaza, provocados por um ataque israelense, indiquem que vai levar algum tempo até que os serviços sejam totalmente restabelecidos. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.