O candidato a vice-prefeito Gabriel Chalita (PDT), que integra a chapa do candidato à reeleição do prefeito Fernando Haddad (PT), lamentou, nesta segunda-feira, 26, que a atual campanha eleitoral esteja muito contaminada pelos temas nacionais, como a Operação Lava Jato, que em mais uma fase deflagrada nesta manhã prendeu o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil que atuou nas gestões petistas de Lula e Dilma. “Pena que campanha eleitoral esteja muito contaminada pelos temas nacionais e não tem muito como sair deles porque a mídia e a população estão discutindo, mas acho que perdemos uma boa oportunidade de discutir o dia a dia da cidade de São Paulo”, disse, em entrevista à TV Estadão e Rádio Estadão, na abertura da série de entrevistas com os candidatos a vice em São Paulo.
Apesar da avaliação, Chalita disse que é favorável a todo processo de investigação porque há muita corrupção na política e em setores empresariais. “É preciso de fato que o Brasil seja passado a limpo”, disse ele, emendando que é preciso não transformar em espetáculo as prisões realizadas nos âmbitos das operações em curso no País e que não se pode condenar antes da análise da ação penal e de permitir a ampla defesa.
Indagado sobre a inclusão de seu nome na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, ao afirmar que o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB) teria lhe pedido doações para a campanha de Chalita à Prefeitura de São Paulo em 2012 – quando ele ainda integrava os quadros do PMDB – o vice de Haddad negou qualquer relação com o episódio, dizendo que não conhece Machado e não tem nenhuma relação com ele ou com a Petrobras e que Temer já havia negado o fato. “Tenho absoluta tranquilidade com relação a isso, fiz uma campanha bonita (em 2012) e minhas contas foram aprovadas.”
Na avaliação do candidato a vice na chapa de Haddad, a delação premiada é um instrumento importante para combater a corrupção, mas é preciso cuidado porque algumas pessoas mentem. “As pessoas dizem coisas que não conseguem provar depois. Há um jogo político de um lado e de outro de atacar um lado e poupar o outro”, disse. E sem citar especificamente o foco da Lava Jato em figuras proeminentes do Partido dos Trabalhadores, avaliou: “Ou você analisa todas as pessoas que estão envolvidas, porque não é um único partido só que tem um histórico de corrupção no Brasil, infelizmente o sistema partidário hoje no Brasil é podre.”
Ameaça
Sob a ameaça de ter sua campanha prejudicada pelo voto útil em adversários, Chalita afirmou, na sabatina realizada pelo Grupo Estado, que a esquerda não vota na candidata Marta Suplicy (PMDB). “Quem é de esquerda não vota na Marta”, frisou.
Segundo ele, historicamente, as eleições estaduais e municipais em São Paulo são decididas na reta final, principalmente na última semana. Ele cita a eleição municipal anterior, em que o deputado Celso Russomanno (PRB) estava à frente das pesquisas, mas não chegou ao segundo turno. “Estou com o pé no chão. A eleição só será decidida no sábado”, acrescentou. Haddad está estacionado na quarta posição nas mais recentes pesquisas Ibope (9%) e Datafolha (10%), enquanto seus principais adversários João Doria (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy estão em triplo empate técnico, com Doria em ascensão e Russomanno em queda.
A respeito da posição de Haddad, segundo as pesquisas, Chalita destacou que um erro do petista foi de comunicação com o eleitorado sobre as mudanças na cidade implementadas durante sua gestão. Corredores de ônibus, redução velocidade e fechamento da Avenida Paulista aos domingos são exemplos de ações que sofreram resistência, mas hoje são aceitas por grande parte da população.
A TV Estadão e a Rádio Estadão entrevistam esta semana os candidatos a vice-prefeito que pleiteiam a prefeitura de São Paulo.