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Chances de Guarulhos flexibilizar reabertura do comércio dia 11 são quase nulas

Na noite desta quinta-feira, prefeito Guti descartou implantar rodízio de veículos, como anunciou o prefeito Bruno Covas, da Capital

O novo decreto municipal em vigor, que determina a proibição de abertura do comércio não essencial em Guarulhos, vai até o próximo domingo, dia 10. No entanto, a chance do prefeito Guti (PSD) flexibilizar as regras, como defende uma parcela menor da população, segundo as últimas pesquisas de opinião divulgadas, são praticamente nulas. A situação atual não só em Guarulhos, mas na Região Metropolitana e do Estado, demonstra que o caminho deve ser o oposto.

Nesta sexta-feira, 8, o governador de São Paulo, João Doria – que no final de abril admitiu uma possível flexibilização a partir do dia 11 e exigiu que todos municípios seguissem suas determinações, sob pena de sofrerem ações judiciais –, deverá anunciar novas medidas restritivas. Pela evolução da Covid-19 nos últimos dias, com o crescente aumento no número de mortes e casos confirmados e a diminuição nas taxas de isolamento social, tanto no Estado como em Guarulhos, já se espera que o Governo do Estado endureça o discurso.

O prefeito da capital, Bruno Covas, acaba de anunciar o rígido rodízio de veículos na cidade (carros com placa final par circula em dias pares; e o mesmo acontece com as placas final ímpar), em iniciativa para evitar, por enquanto, a possibilidade da adoção do lockdown, medida que proíbe as pessoas a saírem de suas casas e diminui ainda mais as atividades econômicas.

Em Guarulhos, Guti já descartou essa possibilidade. Em lives nesta semana, ele confirmou que tinha um plano de flexibilização que se iniciaria na última quarta-feira, 6, mas foi impedido após manifestação do Ministério Público, em virtude dos números crescentes da doença.

Especialistas defendem que o lockdown seja adotado em todos municípios, cuja ocupação de leitos chega a 80%. No Nordeste, onde os índices de contaminação pelo coronavírus avançam assustadoramente, o comitê científico faz esta orientação a todos os estados.

Neste sentido, pesa contra qualquer flexibilização um problema novo, mas que já era previsto. O sistema de saúde no Estado, principalmente na Região Metropolitana, beira o colapso, com a ocupação quase total dos leitos de UTI. Em Guarulhos, a taxa de ocupação nos dois hospitais estaduais (Padre Bento e Geral) é de 100%. Nos hospitais municipais da cidade, a ocupação nesta quarta-feira, segundo a Prefeitura, era de 73,08%, com apenas 7 leitos de UTI ainda disponíveis.

A taxa de isolamento social em Guarulhos, divulgada diariamente pelo Governo do Estado, que chegou a 63% no município em um domingo de abril, foi de apenas 47% na última terça, 5. Ou seja, por mais que se pregue a necessidade de as pessoas permanecerem em casa e só saírem em casos de extrema necessidade, o próprio movimento da economia joga contra.

Estima-se que no Estado de São Paulo 70% da economia continue ativa, mesmo com as medidas de quarentena adotadas no final de março. Em Guarulhos, não é diferente. A restrição se aplica a comércios não essenciais. Indústria e prestação de serviços, além de grande parte do próprio comércio, como supermercados, farmácias e outros estabelecimentos que funcionam de portas abertas ou atendem em sistema drive thru ou de entregas, colocam nas ruas um contingente grande da população que sai para trabalhar.

Outra parte sai de casa em busca de algum tipo de auxílio, como a ajuda financeira de R$ 600 oferecida pelo Governo Federal, responsável por intermináveis filas todos os dias em frente às agências da Caixa Econômica Federal. Outra parte, bastante considerável, sai de forma desnecessária, se aglomerando em praças e locais de grande concentração para caminhadas, práticas esportivas e até mesmo festas em céu aberto.

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