O editor Charles Cosac foi escolhido pelo novo secretário de Cultura do município, André Sturm, para dirigir a Biblioteca Mário de Andrade no lugar do ex-diretor Luiz Armando Bagolin, professor da USP de quem Cosac se tornou amigo e que chegou a propor ao editor a curadoria de exposições na instituição, conforme revelou Cosac, por telefone, ao Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo. “Tínhamos um encontro marcado para discutir um primeiro projeto de exposição quando ele saiu”, disse. “Espero continuar o trabalho que ele fez na biblioteca, que comecei a frequentar quando voltei ao Brasil, nos anos 1990, e estava morando num edifício da avenida São Luiz, ao lado dela”.
O novo secretário de Cultura, André Sturm, concorda com a avaliação de Cosac sobre o trabalho de Bagolin. “Ele deve voltar às atividades da universidade e eu precisava de uma pessoa familiarizada com o universo do livro e com o perfil de um animador cultural como o Charles, com o qual trabalhei durante o episódio da doação dos livros do estoque remanescente de sua editora, intermediada pelo Museu da Imagem e do Som (MIS)”. Sturm, como se sabe, era diretor do museu antes de ser convidado pelo governo Doria para assumir a pasta da Cultura.
Não há projetos de mudança radical na estrutura da biblioteca, segundo adiantou o secretário. “Talvez alguma reforma pequena, pois a grande reforma já foi feita na época do Calil”, justifica. Com um acervo de 4 milhões de livros e um orçamento anual de R$ 9 milhões, a Biblioteca Mário de Andrade passou na gestão de Bagolin a abrir 24 horas por dia, conquistando um novo público ao promover exposições importantes de artistas brasileiros – a mais recente, do gravador Lívio Abramo – e estrangeiros, shows de música e sessões de cinema.
“Charles (Cosac) foi o primeiro nome em que pensei para substituir Bagolin, tanto por suas qualidades como editor como pela ousadia, bom gosto e vontade de servir à cidade”, resumiu Sturm.
Cosac, como se sabe, criou a editora Cosac Naify, que se tornou referência no mercado editorial pela edição de livros de arte, especialmente monografias dedicadas a artistas contemporâneos e coleções – como Espaços da Arte Brasileira – que ajudaram a entender a trajetória de grandes nomes como Aleijadinho e Volpi. Fechada em novembro de 2015 por decisão de Cosac, seu estoque foi comprado pela Amazon, que continua comercializando seus títulos.