Pelo menos doze pessoas morreram vítimas de deslizamento de terra em consequência de uma forte chuva que atingiu Salvador, desde a madrugada até o final da manhã desta segunda-feira, 27. Informações iniciais apontavam dez mortos. Os acidentes aconteceram em regiões pobres da cidade, as comunidades de Barro Branco, na Avenida San Martin, onde morreram sete pessoas, e do Marotinho, no bairro de Bom Juá, onde foram registradas outras cinco mortes. Segundo o Corpo de Bombeiros, no entanto, o número de mortos pode ser ainda maior.
Entre os mortos estão crianças e adultos, que dormiam no momento dos deslizamentos. Esta é a segunda tragédia na localidade do Barro Branco. Há 19 anos outro deslizamento aconteceu no dia 21 de abril de 1996, deixando saldo de 13 mortos e cerca de 300 desabrigados.
Desta vez, a terra desmoronou de uma encosta de cerca de 40 metros, deixando um rastro de destruição, além do risco de novos deslizamentos. Um jovem de 16 anos permaneceu sob os escombros de uma laje por cerca de oito horas, com apenas parte da cabeça de fora. Ele foi retirado com vida.
Alguns moradores conseguiram se salvar com a ajuda de vizinhos, e do trabalho do Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil providencia a retirada das famílias das áreas com risco de novos desmoronamentos. De acordo com o órgão, foram registrados 103 deslizamentos de terra na capital até as 16h.
Em entrevista no final da manhã, o prefeito ACM Neto disse que essa já é considerada uma das chuvas mais fortes dos últimos 20 anos em Salvador.
Neto convocou uma reunião de emergência com os secretários e dirigentes de órgãos para uma avaliação dos impactos das chuvas e adoção de medidas necessárias. Ele garantiu que já existem abrigos disponíveis para as famílias que perderam seus lares.
“A prioridade no momento é atender os casos mais graves de deslizamentos, nas comunidades de Marotinho e Barro Branco”, disse o prefeito.
A presidente Dilma Rousseff telefonou para o governador da Bahia, Rui Costa (PT) e para o prefeito, colocando o Exército à disposição para ajudar no resgate das vítimas. Está prevista uma visita do ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi à cidade, nessa terça-feira, 28.
Chuva
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em um período de dez horas, em algumas regiões da cidade, a exemplo das duas onde ocorreram as tragédias, choveu cerca de 200 milímetros, mais da metade da média histórica no mês de abril é de 309,7 milímetros. As precipitações ocorreram por causa de uma frente fria que estacionou sobre parte da Bahia.
A previsão do Inmet é de que o tempo permaneça nublado com pancadas de chuva no decorrer da semana.
Outros estragos
A chuva provocou estragos por toda a cidade e praticamente inviabilizou o trânsito em algumas partes da capital baiana, que ficaram inundadas. Moradores precisaram usar caiaque e até prancha de surfe. Algumas escolas e universidades suspenderam as aulas. A prefeitura pediu que as pessoas permanecessem em casa.
O Hospital Santo Antônio, das Obras Assistenciais Irmã Dulce, localizado no bairro de Roma, na Cidade Baixa, teve três das suas enfermarias invadidas pela água. Os pacientes precisaram ser removidos para outras áreas da unidade médica e o ambulatório não funcionou.