Toda segunda-feira é a mesma coisa. A mídia repercute um grave acidente automobilístico que ocorreu na madrugada de sábado ou de domingo e que, invariavelmente, deixou um ou mais inocentes mortos. Via de regra, ao volante, um jovem – de classe média ou alta -, que demonstrava sinais de embriaguez, a bordo de um carro caro e possante, algumas vezes importado e que custa mais de uma centena de milhar de reais. Com sorte e muito dinheiro no bolso, esses assassinos, travestidos de bons moços, já que não têm antecedentes criminais, têm residência fixa, emprego, vão para as ruas após pagar alguma fiança, em um valor nem sempre considerável.
Do outro lado, resta às famílias das vítimas lamentar a perda de um ente querido numa situação desastrosa, quase uma fatalidade, dizem, mesmo que não se trate de algo que ocorre por acaso. Os crimes ao volante acontecem, e continuarão ocorrendo, por uma série de falhas, que passam pela ausência de educação do trânsito, omissão das autoridades em fazer valer as leis, impunidade e – lógico – irresponsabilidade.
Desde que a lei seca entrou em vigor no Brasil, esperava-se que esse tipo de crime tornasse exceção. Porém, por mais que as autoridades anunciem que realizam blitzes rígidas, com a utilização dos bafômetros, no sentido de inibir que motoristas embrigados continuem nas ruas, as medidas se demonstram ineficazes. Jovens, sempre eles, parece que não se importam com as leis e preferem assumir o volante, mesmo sem as mínimas condições.
A própria lei determina que ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si próprio, em um verdadeiro incentivo a não soprar o bafômetro. Deveria ser o contrário, privilegiando a presunção de culpa àqueles que se negam. E também penas mais rígidas a quem for flagrado alcoolizado, como ocorre em países desenvolvidos onde os mais jovens levam o assunto a sério. E não pode ser complacente. Bebeu um gole está inabilitado à direção. Talvez criar espaços nas delegacias para recolher os infratores para um noite – ou mais – de reflexão, além de pesadas multas em dinheiro, seriam muito interessantes para mudar esse estado de coisas.
O que não pode é gente inocente continuar morrendo dessa forma. A sociedade precisa se levantar. Imediatamente.