Opinião

Chega de ser a Argentina amanhã

Muito se falou nos anos 80 e 90 sobre o efeito Orloff, alusão a uma propaganda de vodka que pregava o bordão “eu sou você amanhã”, nas medidas econômicas adotadas pelo Brasil que muitas vezes repetiram as experiências acumuladas no país vizinho, que também lutava contra a inflação, mas sempre saía na frente em busca de soluções. Quando dava certo, tudo bem. Porém, quando prevalecia o naufrágio, o Brasil afundava junto. O Plano Real chegou a ser comparado, pela oposição da época, a um um programa argentino no que se referia a ancoragem da moeda ao dólar americano. No entanto, graças a habilidade da administração da época, por aqui deu muito mais certo do que lá. Mesmo assim, a marca de repetir ou até copiar os “hermanos” ficou para sempre.


Neste momento, tudo o que o Brasil não precisa é seguir a mesma rota adotada pela presidente reeleita Cristina Kirchner. Aliás, desde o primeiro mandato dela, o país só vem piorando sua situação, tanto econômica como na relação com os vizinhos. Pior ainda é a imposição da censura aos meios de comunicação, sob o pífio argumento (que muitos tentam repetir por aqui) de controle social da mídia. A coisa lá está tão ruim que a imprensa está proibida, por exemplo, de divulgar qualquer índice de inflação que não seja o oficial. Assim fica fácil de manipular a opinião pública.


Na economia, a Argentina em decadência acaba de suspender a licença automática para importação de produtos em uma zona que deveria ser de comércio facilitado, como é o Mercosul. É incompatível que haja tantas barreiras alfandegárias  em uma região de livre comércio. Volta e meia, eles  estabelecem algum tipo de mecanismo burocrático ou restrição quantitativa, alguma cota para determinados produtos.


A partir de fevereiro, os empresários de lá precisarão de autorização do governo para importar qualquer produto. Em contrapartida, o Brasil, em respeito ao Mercosul e até por questões estratégicas das grandes corporações, importa muito do vizinho. Com esse tipo de atitude unilateral, a Argentina coloca em xeque todos os avanços conquistados ao longo do tempo. Mas, mais do que isso, o Brasil precisa parar de quer buscar soluções parecidas. Precisa estimular a produção no mercado local, mas fechar as portas ao mundo, a história demonstra isso, é um grande tiro no pé.

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