A primeira fábrica de carros chineses no Brasil foi oficialmente inaugurada na quinta-feira, 28, em Jacareí, na região do Vale do Paraíba, em São Paulo. Inicialmente, a Chery pretende produzir 50 mil veículos ao ano, volume que espera triplicar até 2018.
As atuais dificuldades da indústria automotiva brasileira, com vendas até agora 9% inferiores na comparação com o mesmo período do ano passado, não assustam o grupo, que acredita ser “uma crise passageira”, segundo afirma o vice-presidente mundial da montadora, Zhou Biren.
“O que está ocorrendo agora não é o fim do mundo e acreditamos que o Brasil tem potencial para 4 a 5 milhões de veículos ao ano, só não sabemos ainda quanto tempo vai levar (para atingir esse número)”, afirmou Biren.
A Chery iniciou operações no Brasil em 2009 como importadora. Com a decisão de produzir localmente, anunciada em 2009, o grupo está investindo US$ 400 milhões na fábrica de carros, US$ 130 milhões em uma unidade de motores a ser inaugurada no início do próximo ano e outros US$ 22 milhões em um centro de pesquisa e desenvolvimento em local a ser definido. Ao todo, são US$ 552 milhões (quase R$ 1,2 bilhão), aporte bancado pela própria Chery, parte com financiamento de bancos chineses.
Três veículos
A linha de montagem ainda está em fase de testes e os primeiros modelos para venda só serão feitos a partir de novembro. Hoje, a linha está parada e algumas alas da fábrica ainda estão sendo concluídas.
O primeiro automóvel nacional da marca será o Celer, em versões hatch e sedã. Hoje, o modelo é importado da China e custa a partir de R$ 32 mil. No segundo trimestre de 2015, começa a ser fabricada a nova versão do subcompacto QQ, atualmente um dos carros mais baratos à venda no País, por R$ 24 mil. Em 2016 será a vez de um utilitário-esportivo, o substituo do Tiggo, hoje trazido do Uruguai por R$ 54 mil.
“Até 2018, quando estaremos produzindo entre 100 e 120 mil carros por ano, esperamos uma participação de 3% do mercado brasileiro”, diz Roger Peng, presidente da Chery Brasil. Hoje, a marca detém apenas 0,35% de participação. Desde o início das importações, vendeu cerca de 60 mil veículos no País.
Segundo a Chery, daqui a dois anos o grupo também deve começar a exportar os veículos feitos no Brasil, principalmente para a América do Sul.
Mão-de-obra
Luis Curi, vice-presidente da Chery Brasil, informa que foram contratados até agora 300 trabalhadores, dos quais 30% são ex-funcionários da General Motors de São José dos Campos. “Infelizmente, a oferta de mão de obra qualificada está abundante (em razão das demissões em outras fábricas), mas para a Chery é um fator positivo contar com essa mão de obra bem treinada.” Atualmente, há 70 novas vagas na empresa. Quando estiver operando com sua capacidade, a fábrica poderá empregar aproximadamente 3 mil pessoas.
Segundo Curi, os primeiros veículos fabricados em Jacareí têm 50% de índice de nacionalização – porcentual que será ampliado gradualmente para atingir 70% em dois anos.
Entre os fornecedores da empresa estão Plascar, Metagal, Pirelli, Bosch, Moura, Tyco, Johnson Controls, Goodyear, Basf, Petronas e HVCC. Além da Acteco, fábrica de motores e transmissões da própria Chery que também se instalou em Jacareí, outras duas empresas chinesas estão vindo para a região.
Também participaram ontem da cerimônia de inauguração o vice-presidente da República, Michel Temer, os ministros Mauro Borges (Desenvolvimento) e Manoel Dias (Trabalho), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de Jacareí, Hamilton Ribeiro, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.