Chile e Argentina entraram em campo neste sábado, no estádio Nacional, em Santiago, no jogo mais importante da história do futebol chileno, para decidirem qual equipe levaria a Copa América. O duelo também era histórico para os argentinos, já que o último título de uma seleção profissional foi em 1993, quando a Argentina levou a Copa América, no Equador. E a geração de Messi, Di María, Tevez & cia. passou por este período todo sem nenhum título. Mas, na decisão por pênaltis, após 120 minutos bem jogados, a equipe chilena mostrou mais frieza e conquistou seu primeiro título importante na história. Messi continua amargando um jejum de títulos com sua geração que vai passar dos 22 anos.
O confronto começou pegado, com as duas equipes muito atentas nas divididas e nas bolas lançadas atrás dos zagueiros. O primeiro lance de perigo foi do Chile, aos 10 minutos de jogo. Alexis Sánchez recebeu de Valdivia e arrancou pela direita. Demichelis tentou cortar, mas Vidal pegou a sobra de primeira. Romero fez grande defesa.
A Argentina reagiu aos 20, quando Messi cobrou falta em direção ao gol chileno e Agüero chegou para completar de cabeça na pequena área. No reflexo, Bravo fez linda defesa e salvou os anfitriões.
Com a forte marcação chilena, uma aula de Sampaoli para os técnicos do planeta e sobre Martino, os argentinos não conseguiam estabelecer seu ritmo de toques rápidos e jogadas ofensivas agudas, como ocorreu na goleada da semifinal contra o Paraguai. Além das jogadas ríspidas, o Chile travava as saídas argentinas marcando em cima Messi e Pastore.
A disposição chilena fez sua primeira vítima quando aos 25, logo depois da arrancada no contra-ataque, Di María sentou no gramado e reclamou de dores. Ele sentiu a coxa e foi substituído por Lavezzi.
Antes do fim da etapa inicial, a Argentina quase abriu o marcador ao chegar na área chilena em boa troca de passes na esquerda. Pastore recebeu a bola, foi até a linha de fundo, já na área, e rolou para Lavezzi atrás. O jogador do PSG chutou de primeira e forçou Bravo a fazer outra grande defesa.
Com o zero no placar, as duas equipes voltaram do intervalo com a mesma disposição. Em lance bobo, logo a 1 minuto, o Chile quase marca com Vidal. Otamendi se complicou e perdeu a bola para Sánchez. O jogador do Arsenal cruzou para Vidal, que cabeceou firme para a defesa segura de Romero.
Aos 28, em cena polêmica, Valdivia foi substituído e a leitura labial do jogador, além de sua mexida negativa com a cabeça, comprovavam a insatisfação do jogador com a alteração do técnico Sampaoli. Já no banco, o jogador tirou as meias e as jogou longe, reforçando sua revolta com a substituição.
O Chile aproveitou a falta de opções da Argentina e cresceu na partida. A equipe da casa pressionava o adversário, trocando passes ao redor da área e chegando ao gol em cruzamentos. A Argentina resistia bravamente na defesa.
Mas a resistência quase desmoronou aos 37, quando em lance agudo Sánchez, na melhor jogada da partida, recebeu passe preciso de Aránguiz na área. O atacante girou batendo de primeira. A bola passou raspando a trave, com Romero fazendo apenas golpe de vista.
No último lance da partida, a Argentina quase acabou com o tabu de 22 anos sem títulos. O Chile abriu a defesa para o contra-ataque e Messi recebeu no meio, passou pelo marcador e abriu para Lavezzi na direita. Com espaço, o jogador não chutou nem cruzou para Higuaín, que quase sem ângulo chutou na rede pelo lado de fora.
Na prorrogação, o Chile voltou a mostrar a disposição que segurou a Argentina durante toda a final. Bem postado em campo, a equipe de Sampaoli parou o expresso argentino de Messi e criava algumas chances de perigo. Numa delas, Díaz concluiu por cima da meta de Romero.
O Chile respondeu e equilibrou as ações no duelo. No fim do primeiro tempo, Bravo saiu jogando rapidamente, na direção de Sánchez. Mascherano furou feio ao tentar cortar e deixou o atacante chileno livre. O jogador do Arsenal correu até a área e chutou por cima, na melhor chance da prorrogação.
Com o zero persistindo no placar, a tensão crescia cada vez mais nos minutos finais. Os chilenos se defendiam, enquanto a Argentina buscava o gol a todo custo. Mas a final histórica seria decidida nos pênaltis.
Nas cobranças, apenas Messi marcou pela Argentina. Higuaín voltou a mostrar sua falta total de competência e isolou a bola na segunda cobrança. Banega bateu no canto de Bravo na terceira. Matias Fernández, Vidal, Aránguiz e Sánchez conferiram para os chilenos. O atacante Arsenal teve a ousadia de cobrar no estilo da famosa “cavadinha”, para garantir a vitória chilena.
Com o título, o Chile levou o primeiro troféu importante de sua história e garantiu, ao mesmo tempo, a presença na Copa das Confederações de 2017, ao lado de Rússia e Alemanha, campeã mundial.
FICHA TÉCNICA
CHILE 0(4) X 0(1) ARGENTINA
CHILE – Bravo; Isla, Medel, Francisco Silva e Beausejour; Díaz, Aránguiz, Vidal e Valdivia (Matías Fernández); Vargas (Angelo Henríquez) e Alexis Sánchez. Técnico: Jorge Sampaoli.
ARGENTINA – Romero; Zabaleta, Demichelis, Otamendi e Marcos Rojo; Mascherano, Biglia e Pastore (Banega); Di María (Lavezzi), Messi e Agüero (Higuaín). Técnico: Gerardo Martino.
CARTÕES AMARELOS – Medel, Francisco Silva, Díaz, Aránguiz (Chile); Rojo, Mascherano, Banega (Argentina).
ÁRBITRO – Wilmar Roldán (Fifa/Colômbia).
RENDA – Não divulgada.
PÚBLICO – 45.693 pessoas.
LOCAL – Estádio Nacional, em Santiago (Chile).