O almirante Sun Jianguo, vice-chefe de gabinete de equipe geral do Exército de Libertação Popular da China, alegou neste domingo que as novas ilhas artificiais que o seu país está construindo no Mar do Sul da China irão beneficiar a região, sublinhando que tais atividades “ficam bem dentro do escopo da soberania da China”.
Ressaltando a utilidade das ilhas que a China está construindo nas disputadas Ilhas Spratly, o almirante disse que elas irão principalmente habilitar a China a fornecer “serviços públicos internacionais”, incluindo pesquisa e resgate marítimos, ajuda humanitária e pesquisa científica.
“Não há nenhuma razão para as pessoas se preocuparem com a questão do Mar do Sul da China”, disse Sun neste domingo na cúpula de segurança Diálogo de Shangri-La, em Cingapura, onde discussões envolvendo ministros de defesa regionais e militares de alta patente foram completamente dominadas pelas implicações do programa de construção de ilhas da China. As novas ilhas “não têm como alvo quaisquer outros países nem afetam a liberdade de navegação”, assinalou.
As Filipinas e outros países do Sudeste Asiático manifestaram alarme com a velocidade e o alcance das atividades da China na região. O chefe das Forças Armadas da Malásia, general Zulkifeli Mohd. Zin, disse neste domingo que a China deveria fazer mais para explicar suas ações e intenções no Mar do Sul da China. “Nós não sabemos o que eles estão tentando fazer”, disse Zulkifeli. “Seria bom se a China puder vir a público e anunciar o que está fazendo para que possa ser vista como mais transparente.” Entretanto, ele elogiou a vontade da China de manter o diálogo com outros países. “Fui tranquilizado pelo que (Sun) disse, porque ele afirmou que a China vai continuar trabalhando em um Código de Conduta – o que significa que a China não rejeitou isso”, disse o general. “Cabe a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e aos Estados requerentes ajudá-los a fazer isso.”
Patrulhas australianas – O governo da Austrália reafirmou seu direito de fazer patrulhas militares aéreas sobre as ilhas do Mar do Sul da China reivindicadas por Pequim, mas disse neste domingo que não tinha feito negociações formais com os Estados Unidos sobre missões navais. O ministro da Defesa da Austrália, Kevin Andrews, disse, em entrevista ao The Wall Street Journal de Cingapura, que Camberra tinha enviado aeronaves de patrulha marítima de longo alcance ao Mar do Sul da China e Oceano Índico, e continuaria a fazê-lo, apesar do potencial de obstrução da China.
“Já fazemos isso há décadas, estamos fazendo isso atualmente… E vamos continuar a fazê-lo no futuro”, disse Andrews, em uma de suas primeiras entrevistas à imprensa estrangeira desde que assumiu a responsabilidade pelas Forças Armadas da Austrália durante uma mudança no gabinete do primeiro-ministro Tony Abbott no ano passado. “Nós não vemos haverá qualquer alteração nessa operação. Tem sido uma operação de longo prazo e bem conhecida por todos os países da região”, afirmou Andrews.
Comandantes de alto escalão da Marinha dos EUA e dos países do Pacífico têm incitado a Austrália desde o ano passado a avaliar a possibilidade de se juntar a missões multilaterais de policiamento naval no Mar do Sul da China. Mas essa pressão se intensificou desde que a China iniciou a construção das ilhas artificiais. Andrews, que se reuniu com o secretário de Defesa dos EUA, Ash Carter, e o ministro da Defesa do Japão, general Nakatani, nos bastidores da cúpula, disse que a possibilidade de a Austrália exercer um papel em patrulhas navais multilaterais não havia sido discutida com as autoridades norte-americanas. “Os EUA não falaram conosco sobre isso”, assinalou. “Nesta fase, não houve um pedido dos EUA a esse respeito.” Fonte: Dow Jones Newswires.