Estadão

China diz que prendeu espião dos EUA que atuava para a CIA

A China prendeu um funcionário chinês de um grupo industrial militar sob a acusação de que o funcionário estava espionando o governo chinês para a CIA, segundo declarações de autoridades de segurança do país asiático nesta sexta-feira, 11, acrescentando à lista de acusações públicas de espionagem entre Pequim e Washington.

O Ministério da Segurança do Estado chinês, a agência de espionagem civil do país, afirmou em comunicado que um trabalhador industrial militar de sobrenome Zeng, de 52 anos, estava fornecendo informações à CIA em troca de dinheiro e a promessa de que o informante poderia morar nos Estados Unidos. O informante também supostamente recebeu treinamento para realizar as tarefas desejadas pela CIA.

O suspeito de 52 anos havia sido enviado para a Itália para estudar por seu empregador. No país europeu ele conheceu "um funcionário da embaixada dos EUA", que mais tarde se revelou um agente da CIA quando a relação entre os dois ficou mais próxima, segundo o ministério.

Um comunicado divulgado na página da rede social WeChat do ministério afirmou que os Estados Unidos aproveitaram a oportunidade para "doutrinar" Zeng com "valores ocidentais". "Depois de terminar o seu período de estudos no exterior, Zeng voltou para a China e continuou a ter várias reuniões secretas com os agentes da CIA, fornecendo uma grande quantidade de informações importantes", completou o ministério.

O Ministério de Segurança do Estado da China supervisiona as atividades de inteligência de Pequim. No mês passado, a China revisou a sua lei de contraespionagem, expandindo ainda mais o conceito do que o país considera como espionagem.

<b>Outros episódios</b>

O anúncio é o episódio mais recente de uma série de acusações públicas de espionagem entre Washington e Pequim. Na semana passada, os EUA prenderam dois militares da Marinha dos EUA acusados de fornecer segredos militares à China.

As relações entre a China e os EUA caíram para seu nível mais baixo. Em fevereiro, os EUA abateram um balão chinês acusado por Washington de realizar atividades de espionagem no território americano. O Ministério das Relações Exteriores da China repudiou a derrubada do balão.

O conflito entre os dois países também foi acentuado pela visita da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, aos Estados Unidos em abril. A política se reuniu com o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Kevin McCarthy no Estado da Califórnia.

Em resposta, Pequim realizou diversos exercícios militares em regiões próximas a Taiwan. A China considera a ilha com governo democrático e autônomo como uma província rebelde que faz parte de seu território, e se diz disposta a recuperá-la, inclusive pela força, se necessário.

Em abril, os EUA prenderam dois homens suspeitos de montarem uma suposta estação da polícia chinesa em Nova York com o objetivo de vigiar e assediar dissidentes que vivem nos EUA.

<b>Xi Jinping pediu estabilidade após visita de Blinken</b>

Apesar dos incidentes que prejudicaram os contatos diplomáticos entre os dois países, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, em junho na capital chinesa. Após a reunião, Xi Jinping elogiou o encontro pelo progresso em algumas questões.

O mandatário chinês destacou que os dois países devem basear a relação "no respeito mútuo e na sinceridade". "Espero que através desta visita, Sr. Secretário, você faça contribuições mais positivas para estabilizar as relações entre China e Estados Unidos", declarou.

Por sua vez, Blinken disse ao líder chinês que o governo americano estava comprometido em melhorar as relações diplomáticas entre Pequim e Washington, de acordo com uma declaração do Departamento de Estado. "É do interesse dos Estados Unidos, da China e de todo o mundo", afirmou.

Blinken é o mais alto funcionário dos Estados Unidos a visitar a China desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo.

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