Estadão

China estimula alta do Ibovespa, apesar NY moderada e dúvida fiscal local

A decisão da China de cortar a taxa de depósito compulsório incita o apetite a risco e o Ibovespa acompanha nesta quinta-feira, 14. Em mais uma tentativa de estimular a economia, o banco do povo chinês promoveu redução de 0,25 ponto porcentual no depósito compulsório bancário, a partir da sexta-feira, 15.

Conforme a Ativa Investimentos avalia em nota, ainda que a medida chinesa tenha efeitos módicos sobre a economia, "trata-se de mais uma ação que ajuda a compor uma série de estímulos pontuais que os chineses estão tomando para aquecer a economia".

De acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, o corte no compulsório da China se soma a outros estímulos feitos pelo país. "Tudo isso ajuda, assim como a alta das bolsas dos Estados Unidos após a divulgação dos indicadores hoje. E apesar de o BCE ter subido os juros, há apostas de que tenha sido a última alta", avalia.

As bolsas norte-americanas e as europeias avançam, ainda avaliando a decisão do Banco Central Europeu (BCE). A autoridade monetária elevou sua taxa básica de juro em 0,25 ponto porcentual, como a maioria esperava. Apesar de reconhecer que a inflação está desacelerando, o BCE ponderou que vai continuar dependendo de novos dados para definir o nível dos juros.

Os mercados ainda avaliam o PPI, as vendas do varejo e os pedidos semanais de desemprego dos Estados Unidos, a fim de encontrarem sinais sobre a política monetária do país. Ontem, o CPI americano gerou dúvidas sobre os próximos passos do Fed. Para a reunião da semana que vem, contudo, é esperada manutenção dos Fed Funds.

"Os dados vieram um pouco mais fortes hoje, mas ainda nada que mude a perspectiva em relação aos juros", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. A visão é de que seguem dúvidas a respeito dos próximos passos do Fed depois do encontro deste mês. Isso limita um pouco a alta do Ibovespa, bem como as incertezas fiscais.

A alta do Índice Bovespa só é contida pela valorização moderada em Nova York e por ações ligadas ao ciclo econômico, diante de dúvidas sobre uma maior tributação ao setor, dado o foco do governo em elevar a arrecadação para zerar o déficit fiscal em 2024.

"A cada dia que passa, saem mais notícias de que o governo está ávido por elevar a receita para conquistar a meta de déficit fiscal zero. Isso é otimista demais", diz a analista da Empiricus.

Para engordar a arrecadação, ontem à noite, ministros ligados ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conseguiram abocanhar mais da metade da nova arrecadação ligada às apostas esportivas, turbinada com a inclusão dos cassinos online. O texto-base do projeto de lei que regulamenta este novo mercado e institui a taxação foi aprovado na Câmara dos Deputados.

Às 11h20, o Ibovespa subia 0,51%, aos 118.781,57 pontos. VIA ON caía 24% após a precificação da empresa ficar abaixo do esperado. Azul aparecia em seguida, ao ceder 4,02%, e Assai recuava 4,28%, Grupo Soma perdia 2,87%. Já Vale subia 3,77% e Petrobras tinha alta de 2,28% (PN) e de 1,57%.

No exterior, o petróleo avançava em torno de 1,60% a US$ 93,40 em Londres e a US$ 89,95 pontos em Nova York. Já o minério de ferro fechou em alta de 0,82%, cotado a US$ 118,74 por tonelada, em Dalian, na China.

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