Estadão

China estimula alta do Ibovespa, que defende 110 mil pontos

Dados de atividade acima do esperado da China do fim de 2022 estimulam alta do Ibovespa, que vem de uma série de três pregões seguidos de desvalorização. Na segunda-feira, fechou com recuo de 1,54%, aos 109.212,66 pontos. Ao mesmo tempo, expectativa de avanço da reforma tributária fica no radar, assim como o rombo na Americanas . Nem mesmo a abertura instável de Nova York, que volta de feriado, impede valorização aqui. Porém, segue no radar o "caso Americanas" e dúvidas fiscais locais.

Apesar da fraqueza do PIB chinês no ano passado, a economia cresceu mais do que o previsto por especialistas no último trimestre de 2022, com expansão também do varejo e da produção industrial superando as expectativas em dezembro. Os números sugerem perspectivas positivas para o gigante asiático. O petróleo sobe mais de 1, o que reflete nas ações do setor na B3.

"Chama a atenção os últimos 45 dias do ano passado, quando começou-se a ver dados de serviços, da produção industrial e outros indicando melhora da demanda, e isso entrega um guidance indícios de projeções positivas atrativo para 2023", avalia Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos.

O Bradesco, por exemplo, estima expansão de 5,0% do PIB chinês em 2023, dado que espera que o fim das restrições à circulação da covid-19 na China adiciona viés positivo para o crescimento no primeiro trimestre. Porém, admite que o cenário segue desafiador.

Para Faust, da One, o PIB fraco fechado em 2022, de alta de 3% (ante 8,1% em 2021) da China fica mesmo no passado. No quarto trimestre, o país cresceu 2,9% ante igual período de 2021, ante previsão de 1,7%. Além disso, o operador da One avalia que uma desaceleração dos EUA, com indícios de recessão, é ruim para a economia, mas "boa" para o mercado, dado que o Fed poderá adotar uma política contracíclica.

Nem mesmo impede alta do índice Bovespa e das ações metálicas a queda do minério de ferro, de 1,30% em Dalian.

"A China é um player importante, principalmente para o Brasil. Se o país tem um ambiente melhor, outras economias também se beneficiam", avalia Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais. Segundo ela, ainda que ocorra novo aumento nos casos de covid-19 por lá, a China tem outros mecanismos de combate. "O que atrapalha são as sanções impostas por outras economias. Tirando isso, o país está mundo bem no comércio mundial", avalia Ariane.

Sobre a Americanas, as ações sobem hoje (quase 12%), bem como as de bancos, que caíram ontem. Um dos maiores credores da varejista, o BTG Pactual, entrou com nova petição para suspender o bloqueio de pagamentos de dívidas concedido à varejista, a fim de recuperar R$ 1,2 bilhão.

"Os holofotes devem continuar a dar luz sobre o caso da varejista", cita relatório da Rico Investimentos. A Americanas já perdeu mais de 84% em seu valor de mercado desde que as inconsistências contábeis se tornaram públicas. Ontem, as ações encerraram o pregão com recuo de 38,41%.

Às 11h29, o Ibovespa subia 1,16%, aos 110.475,83 pontos, ante máxima aos 110.674,11 pontos (alta de 1,34%).

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