Em solo brasileiro estão localizadas 10% das reservas mundiais de manganês. Com esse volume, o Brasil é hoje o quarto maior mercado mundial do insumo, atrás apenas de Ucrânia, África do Sul e Austrália. Com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, as indicações são de que a demanda pelo minério nacional aumente.
O destino da maioria da produção é a China, apontam os dados do Ministério da Economia. Em janeiro e fevereiro deste ano, os chineses compraram 121 mil toneladas do insumo brasileiro, enquanto os demais países importaram 13 mil toneladas do minério nacional. Entre 2016 e 2021, a China adquiriu, sozinha, mais de 11,2 milhões de toneladas de manganês brasileiro, contra 4,7 milhões de toneladas destinadas aos demais países.
Se considerada a movimentação financeira, as exportações de manganês para a China somaram mais de US$ 1,3 bilhão nos últimos seis anos, ou o equivalente a R$ 6,3 bilhões. Os demais países gastaram US$ 557 milhões com a compra do minério nacional no mesmo período, ou R$ 2,6 bilhões.
Não há estimativas oficiais sobre a quantidade de minério que tem deixado o País com uso de notas frias, mas a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM) acredita que boa parte dessas exportações tem origem em áreas de exploração clandestina, como ocorre na região Sudeste do Pará.
<b>Risco ao Linhão</b>
A extração do manganês se dá a céu aberto, com o uso de maquinário pesado para escavar os morros, além de equipamentos para britar o minério.
A retirada de toneladas de pedra precisa ainda de centenas de caminhões. Como a sua presença se dá na superfície, em profundidades que não ultrapassam dez metros, a extração acaba por varrer grandes extensões de terras.
Em busca do manganês, os exploradores ilegais não se intimidam em explorar, inclusive, áreas concedidas a empresas privadas. Nos municípios paraenses de Pacajá, Marabá, Parauapebas e Curionópolis, a extração ilegal corre solta e a olho nu debaixo do linhão de transmissão de energia de Belo Monte. Há risco de que a movimentação de terra possa comprometer a estrutura das torres de transmissão.
Há cerca de dois anos, a concessionária que controla a rede, a Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), empresa que pertence à chinesa State Grid e à Eletrobras, denuncia a movimentação de mineradores ilegais na região. Um acidente pode tirar do ar a maior rede de energia do Brasil e causar danos incalculáveis.
A ação ilegal já foi comunicada aos ministérios públicos federal e estadual, Polícia Civil, Polícia Federal e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os policiais chegaram a realizar operações na região em abril do ano passado na região, mas os mineradores ilegais retornaram.
Para ter uma reação rápida em caso de queda de alguma torre, a concessionária já chegou a transferir para sua base de manutenção de Parauapebas um "kit completo de instalação de oito torres de emergência".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>